Catarsis – uma exposição de Camila Hybris
Camila Hybris. Quase-artista, quase-arquiteta, quase-um-tanto-de-coisas que compõe uma ode à incompletude; pinta-rabisca-suja telas, papéis, portas, paredes, o que estiver mais próximo do pincel, das espátulas, das mãos, dos pés, da tinta, do sangue, do corpo, da alma. Por confusão da anatomia possui dois corações – repletos de amor pelas artes e por todos os tons de Gaia.
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Catarsis – Versos do meu Caos Interior
A exposição Catarsis busca trazer à luz os transtornos depressivos e suas variadas manifestações, a fim de diminuir os modos equivocados e preconceituosos com que a sociedade lida com os sofrimentos mentais. “A expressão “mal do século” atribuída à depressão e suas diversas vertentes, vem sendo legitimada através do evidente aumento de casos diagnosticados na atualidade.
“O mundo contemporâneo demonizou a depressão, o que só faz agravar o sofrimento dos depressivos com sentimentos de dívida ou de culpa em relação aos ideais em circulação” (KEHL, 2009, p. 16), Catarsis pretende adicionar uma perspectiva de cura, esperança e beleza a esse contexto.
Após a perda da audição de um dos ouvidos e a constante perturbação que os zumbidos ocasionados pelo trauma me causam, vieram à tona todas as angústias que carrego e uma intensa necessidade de expurgá-las do meu interior.
Ao entrar em contato com a liberdade que a arte abstrata proporciona, pude através dela, dar vazão aos mais profundos sentimentos, incluindo estados psíquicos relacionados ao meu próprio sofrimento mental.
As obras tratam de questões humanas com sensibilidade compartilhando experiências nem sempre muito bem-vindas e por isso mesmo angustiantes para aqueles que as sentem. As sensações são intencionalmente preparadas pela paleta de cores e pelas figurações que revelam o que temos de obscuro e caótico.
Para além da tentativa de representar algo belo, busco através da arte expressar minhas dores, minhas angústias e meu transcurso catártico, que me impulsiona a alcançar através da arte um processo de compreensão e cura.
Convido-te a adentrar os versos do mais profundo magma da minha essência.
Do meu caos interior, para o teu.
Camila Hybris.
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Poema para catarse: “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos.
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Poema para catarse: “Despedida”, de Cecília Meireles
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Poema para catarse: “Arabesco”, de Orides Fontanele
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Poema para catarse: “Quando acordei esta manhã no quarto úmido e escuro…”, de Sylvia Plath
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Poema para catarse: “Mindscapes”, de Jeanne Callegari
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Poema para catarse: “Planetário”, de Adrienne Rich
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Poema para catarse: “Lobos? São muitos…”, de Hilda Hilst
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Poema para catarse: “Nossa porção de noite —… “, de Emily Dickinson
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Poema para catarse: “Neste mundo não existe estabilidade…”, de Viriginia Woolf
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Poema para catarse: “Lágrimas ocultas”, de Florbela Espanca
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O universo
é a combinação de milhares de elementos,
e contudo é expressão de um simples espírito
-um caos para os sentidos,
um cosmos para a razão.
Helena P. Blavatsky, in Ísis sem Véu, 1877.