Cinco poemas de Antônio Marcel
Antônio Marcel começou a sua carreira artística no grupo de dança Charme Dance da cidade de Cáceres-MT em 1997, e foi um dos fundadores do grupo D´Soul Danças Urbanas, cujo qual ganhou o prêmio de melhor grupo de dança do estado de Mato Grosso nos anos de 2004 e 2005 concedido pela Aprodaro em Rondonópolis-MT.
Como poeta teve seus poemas publicados pela Folha do Estado MT entre os anos de 2008 e 2009, e também já compôs o time de seletos poetas da Pelada Poética, evento realizado na cidade do Rio de Janeiro. Foi também poeta residente no Sarau Free na cidade de Cuiabá-MT entre os anos de 2011 a 2013. E por dois anos consecutivos foi mestre de cerimonias do Prêmio ‘Macário’, evento realizado pelo Instituto Mandala e coletivo Hip-Hop Maloca, com apoio da Secretaria de Cultura de Cuiabá entre os anos de 2009 e 2010.
Nascido em Cáceres MT, Linguista formado pela Unic Cuiabá-MT, Antônio Marcel é Professor, Poeta, Ator, Dançarino e Modelo. Radicado em Berlin desde o ano de 2015, cursa atualmente seu segundo Bacharelado em Letras pela Freie Universität Berlin e trabalha como professor de idiomas para uma escola bilíngue. Em suas próprias palavras: “Eu não conheço nenhuma ação transformadora mais eficaz que a educação, entre tantas outras possibilidades, essa é a forma que me cabe de ajudar as pessoas.”
***
Manhã de domingo
Doses de Sol…
Quem sabe assim
esconder;
O quanto arde a pele, por baixo,
Daquela cápsula protetora.
Doses de sol.
Para mostrar que o
ton sur ton
É apenas uma cobertura.
Exposto em um ato protetor.
Pois quem sabe assim…
O Sol!
Bronze – a – dor.
*
Na praia
26/04/09
Ao meu amigo HellmaN.
– O pior já passou.
(Assim seria.)
Séria.
Seria.
A Sereia.
Se na areia surgisse…
(É certo que…)
Chocada ficaria diante da imundice,
Causada pela falta de democracia.
E se a sintaxe da verdade.
Na sociedade existisse…
(Não seria utopia…)
Desejar uma política honesta,
A esta pátria em estado crítico.
Onde a desigualdade se manifesta
Através de políticos sem a mínima ética.
(Todos a beira mar!)
Correndo de sunga pela praia.
Enquanto crianças passam fome pelas ruas.
Desfrutando de suas eternas férias.
– Creio que foram lavar a roupa suja.
(Triste verdade esta; Nua e crua.)
Imagine!
Ao ver chegar a corrupção e seus subalternos.
A Sereia até pernas criaria
Todos de terno e gravata para disfarçar a hipocrisia.
E querendo seu rabo para a ceia.
(É por isso que…)
Se na areia surgisse.
A sereia.
Séria.
Seria.
(Heresia? Não Sereia?!)
*
– Aviso –
Quero descomplicar;
…desacelerar.
Não desdizer.
Mas desde já.
Desejo não voltar;
A envolver-me,
em seu displicente;
Afeto.
Demolidor de meu
teto.
– Não me tocas, e mesmo assim me comoves –
Por causa de…
Este trivial e complexo efeito;
Refletido em teus olhos.
Não ignoro;
Lágrimas remanescentes;
dessa paixão mal resolvida.
Inconsequentes migalhas;
dessa paixão involuntária.
Ainda que:
– Paradoxo o fato;
Ser e não Estar. –
E apesar de;
Não divergir;
Pois desejo partir.
(Da série: Souvenir)
*
– Reticências –
Vivo durante esperando
…o antes.
Sem depois, em nós.
Vivo inconstante;
Arquitetando infame.
-Sem nós dois-
Só depois…
De telefones que não tocam
Cartas que não chegam
Visitas que não recebo
Percebo;
Que provavelmente você não volte
Há quem note que:
Vivo pelos cantos.
Invejando outros amantes.
Desejando um instante de…
(Melhor não pensar nisso)
…Entretanto…
Inesperados encontros
Oblíquos olhares
Me escapam pelos dedos
Até temo,
que eu me apaixone
Receio que isto exija
Quilos de textos
Algumas chaves;
e novas copias.
…Até me perco…
Em perguntas;
Por respostas;
Que não tenho.
(Da Série: Souvenirs)
*
– Simbiose –
A saudade estreita,
este efêmero elo;
que me co-move.
Estático;
pela rua transito.
Efeito;
da música sua,
que no táxi ouço.
– Dramatiza-a-ação –
O cotidiano reflete;
esta distância que
me afeta.
Este dilacerado desejo,
(POR TI)
que dissolvo em letras,
esquivas de todo e qualquer;
Sinal;
…que se fecha.
– Desate o nós e venha! –
– Conecte nos e atenda! –
O oculto sinal, que sentido a ti
Em números de-co-di-FICO
Ao lado do muro,
daquele bar que você gosta.
O trivial refrata;
esta ausência que
me impede.
– Ironiza-a-ação-
O correio fechado
Os olhos encharcados
– Sublime;
Colisão na teia de nossa via –
O orelhão estragado
Os pulsos inertes
– Sequelas;
Dessa dor que (nós)so
Amor-tece.
(Da série: Souvenir).