Cinco poemas de Deni Maliska
Deni Maliska. Carioca, poetisa de 24 anos, iniciou sua carreira em meados de 2017, chegando a participar da antologia Poesia Brasil 2019. Mora em Porto Alegre atualmente, e faz parte do coletivo Gente de Palavra de Porto Alegre. Também participa do coletivo Fazia Poesia e escreve para algumas revistas onlines, como a New Order. Possui um projeto em que faz parte da editoria, que é a revista Pirata Cultural; @Pirata Cultural
Seu foco atualmente é mais para a poesia erótica, porém é uma autora versátil.
“A escrita é o sonho mais íntimo materializado através da linguagem, então que a leitura nos conceda a melhor versão de nossas imaginações”.
Portfólio: denimaliska.com
instagram: @denimaliska
Medium: @denimaliska
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Silêncio de um futuro morto
Entrego silêncio
Rompido com lágrimas
Da infância perdida
Do futuro corrompido
Tragariam aquelas notas sujas
Cheias de porra
Na ponta de um cigarro cancerígeno?!
O que é o escárnio
Da posição imoral
Que um pedaço de papel criou?
Chega desse sufoco chamado cidadania
Chega dessa insensatez criada pela política…
*
Como são as palavras carcomidas
Minhas palavras estão carcomidas
No subterfúgio do pranto da saudade
Visceral são o que os livros transpassam
Enxergo o futuro nas cartas sobre a mesa
“Dívida ou bênção?”
Minhas mãos escrevem
Todos os olhares do mundo
Que me deram o desplante
Em perceber
*
O Café
Estou tomando um pingado, recém acordado. Enquanto olho pela janela. Todos os que isolados. Despertaram.
Todo dia, sempre via. Acordamos, tomamos; o café moído, o pão endurecido. O cotidiano cinza. De um dia estigma.
E sempre vejo meu vizinho à frente pelo horizonte, com seu olhar de peixe para o nada distante, retirando suas roupas do varal. Pensando que em breve, irá para o escritório tão aterrorizante. Ele boceja. Talvez me descobriu. Talvez viu quem foi que surgiu.
Soube que eu o olhava pela fechadura.
E somente sorri. Acena em saudações. De um morto para outro.
*
Foi apenas um sonho
Apenas sonhei
Berrei
Sonhei
Foi apenas um sonho
Já ressuscitei
Desnudei
Pelei
Já voltei
Era um segundo
Em transe
Transa
Re-acordei
Transmutei
Foi apenas mais um sonho
*
Poesia da Dor I
O que é o sacrifício de uma dor
Perante grandes cálculos inabitáveis
Meu sexo é condutor
Nesta grande esfera de unha, carne e dor
Sou o princípio ativo
Numa esfera alarmante
Minhas súplicas estão invisíveis
Meu rosto é de traço marcante
O poeta está berrante
No seu choro desconcertante
Sou uma criança
Buscando um pouco do ninar
Frágil deusa
A caminhar