Cinco poemas de Ingrid Azevêdo
Ingrid Azevedo é natural de Feira de Santana, Bahia. Escritora, poeta, graduanda em Letras na Universidade Estadual de Feira de Santana, sagitariana, têm 22 anos e atualmente possui um livro publicado, o Verde Eu – Laboratório Poético (Quarteto Editora – 2018). Escreve desde os 10 anos e utiliza isso como uma forma de se expressar pois sabe que a poesia alimenta sua essência e transborda seus sentimentos. Sempre muito comunicativa, por onde passa cria novas amizades, preenche espaços e ocupa o ambiente. Ela é daquelas que encontra inspiração nas pequenas coisas que a envolve no dia-a-dia, transformando a mais singela folha seca em uma nova poesia. Com a escrita ela se expressa, se comunica, se envolve, e se liberta. Em busca constante do conhecimento e novas descobertas, é apaixonada pela quantidade de coisas que pode transmitir com as palavras. Leitora, artista, sonhadora, e curiosa, essa é Dindi, a Ingrid Azevedo do Verde Eu, que aos poucos vem a amadurecer.
***
Café versificado
Nessa noite morna
Queria sentir teu gosto
Ardente
No meu café
Sem leite
Forte
Quente
Sentir teu aroma de chá
Tua brisa no meu lar
Ouvir tuas vogais,
Soletrar teu paladar
Palavrosear teu calor
Junto ao meu corpo
Vociferar nosso suor
Ferver as ervas silábicas
Em minha prosa nua
Crua
Literar onde não há alfabeto
Ressignificando cada verbo
*
Primeiro (re) encontro
Ainda não vislumbrei teu olhar sobre o meu
Tão perto para viver na memória
Mas só de buscar imaginar
Arrepia minha pele, corpo, mente
Tira meu ar
Me deixa contente
Não vejo a hora
Quero refletir meu ser no teu
Sentir o gosto doce dos teus lábios desconhecidos
Corporificar essa conexão incógnita
Que já nos saúdam engrandecido
Um gostar não desbravado
Que faz querer sentir teu “xêro”
Aspirar o aroma Inusitado
Da felicidade e 0 defeitos
Quero mais 200% a descobrir
Desse sentimento diferente
Gostoso que é querer a ti
Uma boa nova instigante
Meio assustadora
DESLUMBRANTE
Ah… Me faz sorrir!
Quero conhecer teu eu, além das palavras
Sentir o toque da ponta dos teus dedos sobre os meus
Dançar um forró colado na imensidão dos ares
Emaranhar-me em teu cangote
Suspirar aos olhares
Quero sentir a força do luar ao mar
Das paixões transbordar
Ser cantoria e harmonia
Junto a ti em sintonia
Agarradinhos em uma noite fria da Bahia
Com milhares de beijos a trocar
Quero que o diferente seja meu novo normal
E essa loucura… monumental!
*
O que é “escrever”?
Escrever
Verbo que me alimenta
Ao ver poeta que me conduz
Não é depositar palavras
Escrever é
Na insípida palavra
Despir almas
Deslumbrar um eu NU
O nu poético
Versificado
Paragrafado
Palavroseado
Desvergonhado
Revelando anseios
Receios
Desejos
Devaneios
Risoneios
Invenções
Palavras que não existem
Desnundando o bixelengo
Que vive dentro dos pensamentos
O subconsciente
Que perturba
Deslumbra
Repensa
Repete
Mas inventa
E da loucura
E da pornografia do pensamento
Ao por na grafia
Nasce uma poesia
Ou notas perdidas
De um jovem escritor
Desdobrando
De seus diversos eus
Sua própria maestria
Escrever é
Assistir o sol nascer todos os dias
*
Face a face
Te quero
Te cheiro
Te sinto
Te desejo
Te sonho
Te gosto
Te beijo
Te foco
Te tenho
Te vejo
Te olho
Te creio
Te leio
Te escrevo
Te bebo
Тe apaixono
Te vivo
Te tudo
Mas não te amo.
*
Bate papo de brisas perdidas
E o que são poesias?
Poesia é uma melodia
Em forma de maresia
Pra curar melancolia
Ah… E o que devo fazer dos versos perdidos que não se
encaixam em harmonia?
Joga eles para o lado, e aprenda a usá-los a seu favor
Mas isso é ser egoísta?
Claro que não
É transformar terror em comédia romântica.
Mas romance é chato
Na verdade não sei o porquê, mas é chato
Chato são os nossos medos, medo de ser feliz
Mas é melhor ser feliz sem romance, romance pode trazer
tristeza
E quem disse que a falta de um também não pode trazer?
Romance é uma coisa engraçada
Nós somos a personificação do romance
O amor é a base de um romance
Seja por um sujeito, ou pelo verde do mato, pelo azul do céu,
pelo castanho dos teus olhos, pelo vermelho do sangue, pelo
arco-íris da vida
E nós… somos a poesia
A poesia que manifesta romance
Que nos permite sentir
Ah, mas tenho medo
Medo de quê?
De amar
Amar…
Uma coisa tão simples
E tão complicada
Tão mistificada
É poesia… de tu só me resta as melodias
Que a maresia dos sentimentos se escondem a cada passo
Pra que tanto rancor, melancolia?
Vamos se entregar
Não, não… tá maluca? Isso é suicídio
Não, suicídio é não se permitir ser melodia
Ser cantoria
Ser harmonia
Ser ia
Seria nossa nostalgia?
Sorria
Sorria pra onde, senhoria?
Pra onde der, ser poesia
E cada verso meu ser o impulso de tua alegria.