Cinco poemas de Pedro Menezes
Pedro Menezes é carioca e tem 31 anos. Exerce a escrita desde garoto, exercício este que dá prosseguimento cada vez com mais disposição e afinco. Graduou e obteve título de mestre em filosofia pela UERJ com ênfase em estudos que entrelaçam pensamento e arte. É autor de quatro obras poéticas: VRUTU, mana, Pólen de Estrela e GLÓRIA.
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Tum Tum
coração não bate mais tum tum
tum tum tum tum
coração é folha
que ora amassa ora alisa
ora amassa ora alisa
estica e se contrai descansa e cresce
pedaço de intensidade
que só paixão esculpe
*
Peças
Peças combinadas.
Em espessura de bolha.
É uma amizade talvez.
Ou um castelo medieval. Com o drama todo.
Os gorjeios. Guirlandas. A obstinação e o desregramento…
Uma mexidinha no dedo mindinho move precipícios.
Os cães estão nervosos no matagal com saudade da tigela.
O equilíbrio é fatal.
Não dá para apequenar os deslizes.
Balança, balança, balança.
Os intervalos contam por si sós.
Rebuscar de fora dos eixos.
Tudo que é derradeiro salta.
Pinga.
E acena.
Há sempre espaço para as tragédias.
Nada é fácil.
Quando o chão subir, é preciso saber voar.
Ter disposição
De se tornar inalcançável.
*
barulho e palavra
Barulho
É tesouro que bebê desperta.
Para aprender que palavras
nascem da baba.
*
Berço
De tocaia.
Entre calafrios
E miragens…
A sombra raia.
O aconchego baila.
É berço.
*
Os outros
Altar de areia pia
Quer colo
Da chuva.
O pudor
Não tem margem.
Impecável.
Sempre agrada mais
Outros