Cinco poemas de Regina Pouchain
Regina Pouchain é poeta nascida no Rio de Janeiro, designer gráfica, artista intermídia, programadora e diagramadora visual, engajada no poema contemporâneo experimental, poesia sonora, poesia discursiva; pesquisadora em artes visuais. Pós-graduada em Artes e Filosofia, realiza projetos próprios de criação, exposições como curadora e artista, livros e obras tais como fotopoemas, poema visual gráfico, poemas matemáticos, eletrônicos, poemas-objetos e de manuseio, colagens, trabalhos com mídia mista, livros de artista, com diversos trabalhos em meio digital.
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Flor- titânio
sondas intangíveis travantes
festa de esqueletos submersos
forma nuclear instantânea
declínio tátil acariciante mar
convulsões da febre caligráfica
asas pintadas turquesas insones
lamber a lua que se derrama nodosa
o vazio em que deixas à mesa
olho para o céu que me afunda
engolir o pavio a pólvora e arder
nas esporas da dor pan configurada
em ressonâncias vontade férrea
luz cobalto delito que nos cega
na verticalidade do cais que se esfuma
então a vida é isso: incêndios vasculares
insuflando o mel de sexos efêmeros
*
esgarçado coração pedra-pomes
um derrame de mar vertical
transitório na inabarcável lonjura
deriva nua consumadamente artificial
o tempo e o alívio em alquimia
musa de areia pilhada ilusionista
a boca engole o mergulho
ressoante no caos factível
no alvo das imagens coagidas
voz de cogumelos decantando a terra
feridas visuais legendas átonas
em amarelos o sol se consola
dor de guardar alta intacta
luto para sempre a saudade talha
arrastar o próprio monstro
um cavalo de fogo desce a colina
*
DE SÚBITO
nas hastes da manhã
o ponto cego se arvora
aciona estende o dia fincado
picota os minutos
desfolha a fratura das vigas
cessa a fugaz sintaxe:
um coágulo eriçado vaza aderente
um impulso persevera abre a padaria
*
OXYPETALUM EX
oxype coria se salamacina
talum pachy conspec latum fitosterina
cierum tênias tônus induzem
thaises tendras tentaculatas
tereba terebela terebrátula terebridae
tergo tergonya tetraymena
tedroxina tetras tigmata
oxipecoria se salamacina
*
DE REGINA SERIEGRAPHIA
mulher de frente única
10 mil metros de pvc
processo que culmina
com a pulverização total
três apresentações das sapatilhas
o que completa o decote
relação entre a agulha os tecidos
e o conhecimento dos pontos
ferrugem verbal em vitrola e ventarola
enquanto sus piro suspensas matemáticas
clics desdobrados:
teus pelos perfins no lambe-lambe
*
PALATÁVEL
zona temperada
framboesas deslisam
hidroplanagens
se alastram peitorais barbatanas
púbis lacrimais ouriços laços
serpentiformes maciços caudais
sublunadas nádegas hipertônicas
vértebras elásticas áxis que se remove
bulbos terminais oleosos
pinus taxus estiletes
ponta d´ água que me escorres
SolangE martineZ
Regina Pouchain – genial
Seus poemas são muito musicais, rítimicos, surpreendentes, deliciosos, cheios de novos conceitos
Regina ao escolher as palavras e combiná-las com perfeição nos apresenta uma realidade completamente inovadora
“De Súbito” é o meu preferido entre estes cinco poemas
Parabéns
Regina Pouchain – Sensacional