“CorpoStyleDanceMachine” (2017) – Por Caio Ribeiro
CorpoStyleDanceMachine. Direção: Ulisses Arthur. País de Origem: Brasil, 2017.
CorpoStyleDanceMachine é um documentário baiano de sete minutos dirigido por Ulisses Arthur.
A partir dos depoimentos sobre a vida noturna do passado de Tikal – ao que parece ser um personagem importante e querido na terra onde o filme foi rodado –, o documentário se constrói buscando um alinhamento gráfico-visual, pois as falas são também legendadas, mas não como se espera que uma legenda vá se posicionar. As palavras, de certa e discreta forma, bailam enquanto o depoente narra suas aventuras noturnas no passado, descrevendo suas vestimentas e seus prazeres passados. A criação da imagem caminha a partir de fragmentos, pois temos voz e texto, mas também pedaços do que seria Tikal. Suas mãos e anéis, seus penteados, seu tronco – Tudo isso numa atmosfera simples que cria uma ambiência semelhante às casas noturnas experienciadas por ele. Em alguns momentos, o depoimento, ora materializado em texto, materializa em imagem, ou até mesmo em gelo seco.
É um filme simples, e este é seu charme. Existe uma leveza que carrega uma reflexão gigantesca: idade, prazer, estética. Mas a prova de toda essa materialidade é apenas uma: o corpo que dança não envelhece nunca.
*Texto escrito a partir da programação (mostra competitiva) da 3ª Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso, em Cuiabá (MT), ocorrida no período de 09 a 11 de novembro de 2018.
** Caio Ribeiro tem 21 anos e cursa Ciências Sociais pela UFMT. Trabalha com teatro, cinema, literatura e performance. É autor dos livros de poesia Porão da Alma (Clube de Autores), Colecionador de Tempestades (Carlini&Caniato) e Manifesto da Manifesta (Carlini&Caniato). Dirigiu o curta-metragem Réquiem Para Flores. É fundador do Teatro Laboratório Experimental e foi membro do coletivo Spectrolab.