Daqui até a eternidade – Cazuza: 30 anos depois – Por Caio Augusto Leite
Caio Augusto Leite nasceu em São Paulo em 1993. Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP) com dissertação sobre A Paixão segundo G.H. de Clarice Lispector, integrou o Printemps Littéraire Brésilien 2018 na França e na Bélgica a convite da Universidade Sorbonne. É autor dos livros Samba no escuro (Scortecci, 2013; ficção), A repetição dos pães (7 Letras, 2017; contos), Terra trêmula (Caiaponte edições, 2020; contos), numa janela acesa a noite não entra (Edição do autor, 2020; poemas) e a cicatriz antes da ferida (Edição do autor, 2020; poemas).
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Daqui até a eternidade – Cazuza: 30 anos depois
Em 7 de julho de 2020, completaram-se 30 anos da morte de Cazuza. Sua obra, no entanto, continua a povoar o imaginário popular, seja por suas canções com viés crítico, seja por aquelas que falam de relacionamentos e casos amorosos – muitas vezes fracassados.
Espécie de cronista de sua época, da mesma linhagem de um Noel Rosa ou de um Chico Buarque, boa parte da produção do compositor tem endereço certo: o Rio de Janeiro dos anos 1970-1980. Ao mesmo tempo em que abarca questões que ultrapassam esse nicho – tanto no plano amoroso quanto no plano da crítica social.
Pensando nisso, dividirei a obra do compositor em três eixos temáticos sob os seguintes títulos: “Maior abandonado”, “Mostra tua cara” e “Tô pronto pra ir ao teu encontro”.
Maior abandonado – amores e desamores
Herdeiro do samba-canção, Cazuza escrevia em forma de rock canções que falavam de amores fracassados, ao mesmo tempo em que subvertia certos clichês do gênero. Entre os recursos utilizados podemos citar a inversão temática (como em “Não amo ninguém” (Cazuza/ Frejat/ Ezequiel Neves), que dialoga com o clássico de Antônio Maria, “Ninguém me ama”; na primeira, o sujeito apesar de todos os signos que levariam ao amor, acaba por não amar “Eu não amo ninguém e é só amor que eu respiro” em contraposição ao sujeito da canção de Antônio Maria “Ninguém me ama, ninguém me quer”); pela hipérbole (“Exagerado” (Cazuza/ Leoni/ Ezequiel Neves) sintetiza bem esse aspecto “Pra mim é tudo ou nunca mais”); pela ironia (“Bilhetinho azul” (Cazuza/Frejat), em que o sujeito é abandonado e uma mensagem casual – “Chuchu, vou me mandar! É eu vou pra Bahia, talvez volte qualquer dia” – é deixada num bilhetinho azul cheio de garranchos); pela acidez (“Obrigado por ter se mandado, ter me condenado a tanta liberdade”, em “Obrigado (Por ter se mandado)” (Cazuza/ Zé Luís)); mas também capaz de escrever letras que poderiam estar no repertório de qualquer intérprete de sambas-canções (como “Codinome Beija-Flor” (Cazuza/ Ezequiel Neves/ Reinaldo Arias), aliás regravado por dois ícones do gênero, Ângela Maria e Cauby Peixoto) – além da música “Tapas na cara”, escrita especialmente para Ângela – ou de bossas novas (“Faz parte do meu show” (Cazuza/ Renato Ladeira)).
Tal conexão com o gênero, aliás, se fez presente durante toda a carreira do artista, através de declarações em entrevistas e, mais do que isso, em gravações e performances, como “Diplomacia” (Maysa) ainda à frente do Barão Vermelho, “O mundo é um moinho” (Cartola), gravada em 1988, “Luz negra” (Nelson Cavaquinho) no programa Chico e Caetano – aliás, “não tenho quem tem dó de mim” ecoa em “só um pouquinho de proteção ao maior abandonado” –, “Preconceito” (Antônio Maria/ Fernando Lobo) e “Esse cara” (Caetano Veloso), ambas presentes em seu último disco, Burguesia (1989).
Mas além do sofrimento do amor, há canções em que outros sentimentos são permitidos, como a euforia do sexo, como em “Pro dia nascer feliz” (Cazuza/ Frejat), a ternura, “Preciso dizer que te amo” (Cazuza/ Dé Palmeira/ Bebel Gilberto), a estabilidade emocional, “Boa vida” (Cazuza/ Frejat). Não esquecendo, porém, de que “o amor na prática é sempre ao contrário”, “Ritual” (Cazuza/Frejat).
Como dito, o cenário desses amores desvairados ou não é quase sempre o Rio de Janeiro. O Arpoador (“Faz parte do meu show”), a Constante Ramos (“Quarta-Feira”(Cazuza/ Zé Luís)), a praia (“Bruma” (Cazuza/ Arnaldo Brandão)), Ipanema (“Como já dizia Djavan” (Cazuza/Frejat)), Leblon (“Completamente blue” (Cazuza/Rogério Meanda/George Israel/Nilo Romero), o clima da cidade (“Vem comigo” (Cazuza/Dé/Guto Goffi)), além dos bares, avenidas e outros lugares não nomeados, mas claramente presentes apenas nas grandes cidades dos anos 1970/1980.
Daí o seu lado cronista, pegando situações inusitadas como em “Billy Negão” (Cazuza/Guto Goffi/ Maurício Barros), na qual um homem bate uma carteira pra pagar o pivô e poder sorrir para a amada, que nem liga e ainda o chama de ladrão ou “Vem comigo”, que expõe uma tentativa frustrada de flerte para então chegar à coragem de dizer que está a fim sem meias-palavras (“Já mandei olhares prometendo o céu, agora eu quero é no grito”), usando recursos como a cantada barata (“Já que é festa, que tal uma em particular?”).
É notável que as canções de amores tresloucados se concentram majoritariamente na primeira fase da obra do compositor, de 1982 a 1987 (a fase Barão Vermelho até o disco Só se for a dois). Dessa fase destacam-se “Ponto fraco” (Cazuza/Frejat), “Maior abandonado”, “Exagerado”, “Sem vergonha” (Cazuza/Frejat), “Pro dia nascer feliz”.
De 1987 a 1990, são mais comuns as canções em que o amor não é visto através da óptica juvenil, há uma maturidade em relação ao outro e aos desejos. Surge a possibilidade de imaginar o amor como algo feliz – assim vemos em “Preciso dizer que te amo/ te ganhar ou perder sem engano”, já não há truques, subterfúgios, ironias, há uma declaração que aposta na sinceridade. Também em “Minha flor, meu bebê” (Cazuza/Dé) (“Os meus amigos todos/ será que eles não entendem/ que quem ama nesta vida/ às vezes ama sem querer”), “Doralinda” (Cazuza/João Donato) (“Por que te amo, te adoro, te venero”) e, principalmente, em “Como já dizia Djavan” (“num mundo inacreditável, dois homens apaixonados”).
Sobre o amor Cazuza podia dizer, como na letra de “Amor, amor” (Cazuza/Frejat/George Israel), “Fiel me trai, me azeda”, mas também que “me adoça e faz viver”.
Mostra tua cara – crítica social
Apesar de as músicas mais conhecidas dessa fase serem de 1988 em diante, destaque para “Brasil” (Cazuza/ George Israel/Nilo Romero), “O tempo não para” (Cazuza/Arnaldo Brandão) e “Ideologia” (Cazuza/Frejat), desde as primeiras composições já havia um toque de crítica na obra de Cazuza que não era tão aprofundada ou se perdia em meio aos temas majoritariamente amorosos.
Entre as canções pré-1988, pode-se destacar “Subproduto de Rock” (Cazuza/Frejat), “Milagres” (Cazuza/Denise Barroso/Frejat), “Medieval II” (Cazuza/Rogério Meanda), “Só as mães são felizes” (Cazuza/Frejat).
A música “Subproduto de Rock” não chegou a sair em álbum de carreira, mas foi gravada para a trilha sonora do programa Plunct, Plact, Zuuum… 2 (1984). Aqui temos uma típica canção a respeito da caretice da escola, das obrigações de aluno e dos inevitáveis castigos quando as regras não são seguidas (“mamãe tá certa eu fui pro fundo e não pode”, “pode cortar televisão e vitrola”) bem ao molde da geração (“Química” da Legião Urbana ou “Autonomia” dos Titãs). Uma letra mais simples, mas que entende bem o tipo de argumento usado pelos pais ao botar culpa dos comportamentos transviados nesse tal de rock’n’roll (“só não me xingue de subproduto de rock”).
“Milagres” aparece ainda na fase com o Barão Vermelho, no terceiro disco da banda e último com a presença de Cazuza, Maior abandonado (1984), já aí havia o olhar para as desigualdades sociais, expostas de modo irônico “todos choram, mas só há alegria” ou “as crianças brincam com a violência”.
Em “Medieval II”, lançada no disco solo de 1985 (conhecido como Exagerado), temos o jogo de palavras entre “novidade média” e “nova idade média”, identificando na novidade da mídia modos de agir tão antigos quanto os do período da idade média, ou não são os jornais sensacionalistas uma forma de inquisição que absolve ou condena quem quiser a partir de valores morais? Daí o sujeito, que acreditava nas besteiras do jornal, embarcar “num tour pro inferno” (referência a Rimbaud, também presente em “Só as mães são felizes”) à medida que a vida “de porre em porre” vai desmentindo todas aquelas crenças pueris implantadas pelas mídias.
Também do disco de 1985, “Só as mães são felizes” (título tirado de um poema de Jack Kerouac) é talvez a música mais “suja” de Cazuza. Nela passeiam todos os malditos que fizeram parte da formação do compositor: Allen Ginsberg, Rimbaud, Luiz Melodia, Lou Reed. Todos os lugares que compõem o bas-fond do Rio. As degradações morais e os tabus. Finalizando ironicamente com a frase-título, como se de fato só por não viverem aquelas experiências as mães fossem mais felizes. Cazuza sabia que não.
Porém, é a partir de 1988 que vão surgir as críticas mais incisivas e mais marcantes da obra do compositor. Quase metade do disco Ideologia (1988) é composto por canções com essa temática: “Ideologia”, “Brasil”, “Vida fácil” (Cazuza/Frejat), “Um trem para as estrelas” (Cazuza/Gilberto Gil) e “Blues da piedade” (Cazuza/Frejat). Do show da turnê desse disco surge “O tempo não para”. E do álbum Burguesia temos: “Burguesia” (Cazuza/ George Israel/Ezequiel Neves) e “Manhatã” (Cazuza/Leoni). Vamos ver de perto algumas delas.
“O meu prazer agora é risco de vida”, esse verso de “Ideologia” é um dos que definem essa geração. Composta quando Cazuza já estava diagnosticado como portador do HIV, a canção reflete o sentimento de fracasso, apesar da euforia que a década de 1980 prometia. No Brasil, o final do regime militar trazia uma esperança de renovação, o rock era o veículo de jovens que cresceram sob o AI-5 e agora podiam dizer o que pensavam: igreja, escola, sexo, tudo podia ser tema das canções das inúmeras bandas de rock que surgiam. Porém, quase ao fim da década, as esperanças acabaram sendo podadas pelas desilusões. A disseminação do vírus da Aids, a crise nacional, a inflação, os planos infrutíferos do governo Sarney, acabaram minando as expectativas otimistas daquela geração, tornando o período conhecido como “década perdida”.
Nesse contexto, “Ideologia” expressa a desilusão dessa juventude “que ia mudar o mundo” e agora “assiste a tudo em cima do muro”. Nesse clima de final de década e de estagnação em que “os sonhos foram todos vendidos”, os “heróis morreram de overdose” e os “inimigos estão no poder”, o sujeito pede a si mesmo: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. A falta de confiança nas instituições, nas correntes de pensamento, pode vir a criar um vácuo no sujeito que pensa em pagar a conta do analista pra se esquecer de quem é. Cazuza já via ali o perigo da alienação total, do discurso que tudo nega como forma de protesto, como se assim pudesse se isentar da história. Curioso perceber como hoje em dia a palavra “ideologia” tornou-se praticamente uma ofensa por parte da direita, como se fosse ruim ter uma ideologia – como se ela própria não tivesse uma. O sujeito na canção não só sabia que não era assim, como queria ter uma, embora a dúvida: qual delas?
Em “Um trem para as estrelas”, o sujeito logo cedo vê da janela a fila de trabalhadores em contraposição ao Cristo que não protege ninguém. Aqui fica explicitada as formas de apropriação dos sistemas opressores (atualmente o capitalismo, antes o sistema colonial) ao transformar sempre em miséria a mão de obra do trabalhador, pois “depois dos navios negreiros, outras correntezas”, ou seja, depois da escravização outras formas de exploração surgem para suprir as necessidades dos donos do poder.
“O tempo não para” traz uma reflexão existencial e social, a forma como é visto o brasileiro, um sobrevivente nascido num país de Terceiro Mundo: “nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor é matar ou morrer”. O diálogo com “I-Juca Pirama” de Gonçalves Dias – o “sou forte, sou bravo” por “sou forte, sou por acaso”, retirando toda a idealização romântica do nosso povo. Povo que luta, mas nem sempre consegue – “sem pódio de chegada” – e vive muitas vezes “da caridade de quem [nos] detesta”. Mas o tempo não para, lembra o sujeito, como forma de esperança no futuro, embora saiba que não é tão simples, uma vez que ele vê “o futuro repetir o passado” nesse “museu de grandes novidades” que compõe a história da humanidade com suas diversas formas de oprimir (“te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro”) para daí retirar suas riquezas (“transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro”).
Já “Manhatã” flagra o brasileiro que parte para o “sonho americano” e aparentemente se desliga dos signos de seu país de origem (embora quando a saudade aumenta “descola um feijão com pimenta”) virando chicano, índio americano, deixando de ser paraíba para virar “South American” (generalização que ecoa o “South American Way”, de Carmem Miranda). Porém o “latin style” permanece para deixar as “louras loucas” enquanto pega metrô e caminha na neve do Central Park, afinal, ele está ali “só pelo dinheiro”.
Cazuza dizia ter parado de olhar o próprio quintal para olhar a realidade do país, o álbum Ideologia é, desse ponto de vista, seu trabalho mais bem-acabado, conseguindo concentrar todas as linhas de força que compõe sua obra: o rock, a MPB, o amor, o desamor, a crítica social. Aqui Cazuza pediu “Brasil, mostra tua cara” e a cara que mostrou, apesar das exceções, não foi das melhores. A inserção de “Brasil” na abertura da novela Vale tudo, uma das primeiras novelas a falar abertamente de corrupção após o fim do regime militar, só demonstra como o compositor estava atento ao que acontecia ao seu redor; como todo artista, um olhar para si, mas também ao redor, tanto para suas dores quanto para as dores das pessoas de seu tempo.
Tô pronto pra ir ao teu encontro – a doença e a morte
Em “Boas novas” (Cazuza), Cazuza diz ter visto a cara da morte e que ela estava viva, mas pede “Viva!”, contrapondo à ideia triste de morte a pulsão de vida. Se a vida traz em si a inevitável morte, por que a morte não pode ter em si o elemento vital? Fim e começo se coadunam nesse paradoxo. Já a expressão “boas novas” se associa a Cristo, mais um que também conheceu a morte e dela retornou vivo. Se a morte se aproximava, Cazuza pedia “na hora da partida a tiros de vamos pra vida”.
Geralmente é errôneo atribuir o discurso do sujeito ao autor de carne e osso, mas aqui a proximidade entre ambos é aumentada pelo decorrer dos fatos. São poucos artistas que dão testemunho – através de sua obra – da iminência da morte, talvez Manuel Bandeira (“Pneumotórax”, por exemplo), quando diagnosticado com tuberculose, no começo do século XX doença tão mortal quanto a Aids nos anos 1980.
Se no disco Ideologia essa questão aparece apenas em “Boas novas” e (mais veladamente) em “Ideologia”, é no derradeiro Burguesia que a proximidade da morte vai trazer às letras reflexões mais explícitas, são elas: “Nabucodonosor” (Cazuza/George Israel) “Cobaias de Deus” (Cazuza/Ângela Roro), “Azul e amarelo” (Cazuza/Cartola/Lobão) e “Quando eu estiver cantando” (Cazuza/João Rebouças).
Em “Nabucodonosor”, Cazuza fala de seu avô Agenor (do qual tem o mesmo nome), em reencarnação, na loucura que lhe deu a fama de exagerado e diz que “a morte, baby/ não é assim tão ruim, não” – como já havia feito em “Boas novas” ao dizer da morte viva, a morte que não é ruim, o “pra que sofrer com despedidas” de “Cartão postal” de Rita Lee/Paulo Coelho regravada nesse álbum.
“Cobaias de Deus” é a letra em que mais explicitamente são expostos os efeitos da doença no corpo (“estou desmilinguido”) ao lado da crítica ao Deus que nos coloca no mundo para sofrer (“nós somos as cobaias de Deus”). O sofrimento causado pelo tratamento, as idas aos hospitais, a incerteza diante do que virá (“meu pai e minha mão, eu estou com medo, pois eles vão deixar a sorte me levar”), a sensação de isolamento (“nós as cobaias vivemos muito sós”). E até mesmo o sentimento da exposição diante da curiosidade das pessoas, uma vez que Cazuza foi a primeira pessoa pública no Brasil a assumir a doença (“Me tire dessa jaula, irmão, não sou macaco”).
Na letra de “Azul e amarelo”, Cazuza cita o verso “não quero, não vou, não quero”, da canção “Autonomia”, de Cartola, que versa sobre a chegada da morte e a negação da ida. Aqui Cazuza fala de drogas pra dormir, dos perigos do mar, de anjos, gnomos, fadas, de tudo que agora é possível. Fala do azul e do amarelo (cor do orixá do cantor, Logundé), de deuses, de ir ao encontro do fim mesmo que não queira – “Senhores deuses me protejam tanta mágoa/ tô pronto pra ir ao teu encontro/ mas não quero, não vou, não quero”.
Por fim, o disco encerra-se com “Quando eu estiver cantando”, música que fala do poder da arte como motor de vida (“meu canto é a minha solidão/ é a minha salvação” ou “por que meu canto é o que me mantém vivo”). Por mais que se sentisse fraco, a luta contra a morte deu-se sem trégua, prova é a gravação desse disco, quando o cantor já estava fragilizado e gravando algumas faixas deitado numa maca, inclusive.
De algum modo tornou-se verdade o que a canção diz. Apesar de não ter sobrevivido à doença, trinta anos depois as canções de Cazuza continuam a ser tocadas e descobertas por novas gerações (como eu, quando tinha meus quinze anos).
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O amor, as críticas e a coragem diante do inevitável são apenas algumas das marcas da obra de Cazuza. Costuma-se dizer que é impossível falar da música brasileira dos anos 1980 e não falar de Cazuza; três décadas depois de sua saída de cena, acho que é impossível não falar dele mesmo quando se fala de música brasileira no geral. Entre o rock e a MPB, ali está esse pierrô retrocesso, meio bossa nova e rock’n’roll. Apesar de sua alegria, sua irreverência, seu olhar crítico, sua beleza terem ficado eternizados em discos, vídeos, fotografias, que falta ele nos faz.