de enrodilhar submarino – um poema de Carla Cunha
Na coluna mensal “Teia Labirinto”, Carla Cunha escreve sobre Literatura Erótica e Pornográfica. O nome da coluna nos remete à trama e aos caminhos enrodilhados que todos nós enfrentamos ao pensar na própria sexualidade. Nessa trajetória, pontos se conectam e produzem uma teia de informações sobre quem somos. Porém, às vezes, não encontramos o caminho e a sensação é como se estivéssemos num Labirinto.
Carla Cunha é paulista, escritora de Literatura Erótica e Pornográfica, mantém um blog com textos sobre o tema e em 2019 lançou Vermelho Infinito.
***
de enrodilhar submarino
Não sei o que passa com a boca de Luana
parece que tem um submarino dentro de outro
a afundar em oceanos perdidos
nesse abismo que se abre
e assim os milhares de vazios
me levam a cair
cada vez mais e mais
sussurro por socorro
já sem força, sem história
ela se verte em curva
a puxar o fio da coluna
com a língua felpuda
em círculo convertido em círculo
nunca sei por onde começamos
se já estamos no meio
ou quase no final
porque a linha permanece tensa
na busca da água jorrada
dessa fonte mistério
quase sem nome
ou com tantos nomes
mas não essa que reconheço
o universo a me sugar
para outra galáxia
sem nunca mais existir