Dez haicais de Hildon Vital de Melo (Camaleão Albino)
Camaleão Albino e, às vezes, Hildon Vital de Melo, Jundialmente conhecido. Possui graduação e mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Mas seus interesses mesmos são a poesia, a literatura, a música e a bebedeira e flanar sem rumo pelas madrugadas esguias. Acaba de lançar pela Telucazu Edições a primeira parte dos Haikerouacais (Hai – primeira parada), sequência de quatro pequenos livros de haicais, mas já prepara outros projetos – coisas doidas, não leiam! Em 2016 alcançou o segundo lugar na 12ª Olimpíada de Redação da cidade de Jundiaí, o que lhe rendeu uma boa grana para pagar as dívidas de uma vida de poeta municipal. Em 2017 obteve menção honrosa na 25ª Edição do Programa Nascente USP na área de Textos na categoria Prosa Ficcional com o trabalho intitulado Joanna, só não ganhou porque o livro era doido demais até para uma ficção. Ainda em 2017 foi selecionado por um concurso literário da USP e aguarda a saída do seu livro pela Malha Fina Cartonera. É um cínico de carteirinha e se coloca ao lado dos anárquicos da existência como Raul Seixas, Dostoievski, Milalmas, Roberto(s) Piva/Bolaño/Bolaños, Hilda Hilst, Joanna, Joan Pizarro, Henrique Vitarelli (Grande escritor marginal de Jundiaí), Anaïs Nin, Allen Ginsberg, entre outros/as.
***
A folha branca
sempre exige um afago
da minha caneta bic
*
Beijei Milalmas
e Milalmas me beijou
Uma só canção
*
Tempo implacável
sempre joga para longe
tudo que é perto.
*
Do meu cigarro
ao menos a fumaça
aos céus se eleva
*
Numa parede
se insinua uma face
surrealista
*
O vento crispa
folhas de uma árvore
quase sem vida
*
Cristo lá na cruz
Sangue (e)terno e trágico.
Deus suicida
*
Enfiar as mãos
nas feridas próprias.
Isso é poesia!
*
Vêm e vão os anos
e estamos cavalgando
hipopótamos machadianos.
*
De tanto medo
da morte
meu pai quase morreu.