Dois poemas de Rapper Azul
Rapper Azul é uma cantora e compositora cuiabana.
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PEGA A NEGA
Nega corre do sistema que te açoita
Nasceu preta, pobre
Vix é um caminho que não tem mais volta
Parece que ser preta é um defeito
Um brinquedo,
Mano! Na verdade nunca entendi este conceito
Este preconceito
Que apavora, tudo incomoda
Meu cabelo, cor da pele e a minha história
Tentaram manipular a nossa educação
Falando que Maria Isabel acabou com a escravidão
Se liga manas e irmãos
O papo aqui é reto
Sua ignorância e preconceito
Leva o meu povo preto para o cemitério
Questiona a veste da maloqueira da quebrada
Mas as veste de bandido sempre é terno e gravata!
Diva Dandara, Marielle é a inspiração
Minha mãe é a própria referência, resistência e oração
Nunca desistiu no corre a mil
Azul cadê seu pai?
Ele sumiu.
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MOÇA
A minha história é a minha força
Não desista moça
Não é o fim não vá pra força
Não desista moça
Só por hoje moça
Eles vão se frustrar
Porque hoje não vou parar
De escalar
Esses degraus se eu cair vou me levantar
A poeira
Vai embaçar os olhos de que tentar me derrubar
Minha Vitória incomoda muita gente
Força moça foco e siga em frente
Mordendo as corrente só eu sei o que passei
Esta história me pertence
Seja sua referência mina
O seu passado é responsável pelas suas conquistas
Não fico perdida
Num mundo cheio de mentiras
Me exclui porque não faço parte da família margarina
Que ironia? Trabalho pra caramba pra colocar o pão na mesa todo dia
Enquanto o mundo está em depressão meu remédio Tarja Preta é a minha própria poesia
Um curativo pra tua ferida
Buscando energias para sobreviver
Querem falar da minha caminhada mas não sabe o procedê
Vai entender
Fulano fala mal
Beltrano fala bem
Não escrevo poesia, Rap, Reggae para agradar ninguém
Não sou paquita de ninguém
Mas quem sou eu pra falar da caminhada de alguém? A verdade está com quem? Me respeita
Eu te respeito que tá tudo bem
Falou que os preto tem necessidade de atenção
Vou te explicar então
É muita tensão na minha quebrada
A polícia chega e mata
A mãe reza pra filha chegar bem em casa
Que pega o busão de madrugada
Se tu não sabe
Não abre a boca pra nada
Quero mesmo
Chamar toda atenção
Eu sei como é difícil a morte do irmão