Entrevista com a escritora Luciana do Rocio Mallon – Por Vanessa Franco
Na coluna mensal “Mulheres na Literatura”, Vanessa Franco aborda entrevistas com escritoras, resenhas de livros, publicação e análise de poemas e traz novidades do mundo literário envolvido por mulheres.
Vanessa Franco é professora de teatro, atriz, palhaça e poeta paraense.
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Entrevista com a escritora Luciana do Rocio Mallon
Vanessa – Quando surgiu o seu interesse pela escrita?
Mallon – Quando eu tinha cinco anos de idade, eu comecei a folhear os livros infantis. Aos seis anos, quando fui alfabetizada, já gostava de criar histórias.
Vanessa – Quando você começou a escrever, quantos anos você tinha?
Mallon – Eu comecei a escrever, por hobby, aos seis anos de idade, em 1980. Mas meu primeiro livro só foi editado em 2013.
Vanessa – Qual a importância da literatura e da escrita pra você?
Mallon – A literatura instrui ao mesmo tempo que tem o poder de divertir a pessoa. A escrita e a literatura desenvolvem a imaginação e a criatividade de qualquer pessoa. Eu, por exemplo, gosto de passar lendas orais para o papel com o objetivo que elas não se percam.
Vanessa – Você tem algum livro publicado?
Mallon – Sim, Lendas Curitibanas 1 e Lendas Curitibanas 2.
Vanessa – Qual é o seu livro de cabeceira?
Mallon – Dom Casmurro de Machado de Assis.
Vanessa – O que te motiva a escrever?
Mallon – Quando eu era criança, escrevia por diversão. Já a minha adolescência foi muito solitária e a escrita para mim tornou-se um diálogo entre a minha pessoa e o papel. Depois, passei a anotar lendas que as pessoas contavam como forma de conservar a cultura.
Vanessa – Você tem alguma rotina para escrever?
Mallon – Geralmente, escrevo à tarde, porque, de manhã, cuido de pessoa doentes e faço serviços domésticos.
Vanessa – Como você concilia a dança com a escrita?
Mallon – Existem muitas semelhanças entre as linguagens da dança e da poesia. Há uma prática chamada Dança – Poesia, onde a moça declama poesia enquanto dança. Isto nasceu na Grécia Antiga, mas durante muito tempo foi esquecida. Já cheguei a dar aula de redação e de dança no mesmo centro cultural.
Vanessa – Qual é o seu plano para o futuro?
Mallon – Pretendo escrever novos livros, se meu editor der oportunidade.
Vanessa – Quando você começou a escrever, o que mudou na sua vida?
Mallon – Eu comecei a escrever por diversão aos seis anos de idade. A escrita serve para treinar a criatividade, a imaginação e a gramática. Aliás, a escrita deixa a pessoa mais sensível, meiga e doce. Por isto ela só acrescentou aspectos positivos na minha vida.
Vanessa – Na sua caminhada como escritora, você teve alguma dificuldade para se lançar no mundo literário?
Mallon – Sim, pois a maioria das editoras cobra para o escritor publicar. Mas, em 2012, o jornalista Hélio Puglielli disse que a editora do Instituto Memória do Anthony Leahy publicava de graça e assim tive uma chance.
Vanessa – Você acha que houve alguma mudança no seu modo de escrever do início para o momento atual?
Mallon – Sim, quando eu era nova escrevia sem muita maturidade e com vergonha de colocar certos assuntos considerados tabus no papel. Hoje, me sinto mais livre e não ligo muito para a opinião alheia.
Vanessa – Qual é o conselho você daria para a pessoa que quer ser escritor/escritora?
Mallon – Aconselho a pessoa nunca desistir dos seus sonhos e não ligar para as críticas negativas. Se ela não conseguir editar um livro de papel, existe a internet com ótimo espaços virtuais gratuitos para expor os textos.
Luciana do Rocio Mallon
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Lendas do Gato Bóris Depois da Sua Morte do livro: Lendas Curitibanas
O Gato Bóris é mais um causo urbano de Curitiba, pois se trata de um gato negro que morava dentro de um sebo, livraria de livros usados, e que passeava pelo Largo da Ordem. Reza a lenda que este bichano virava homem nas noites de Lua Cheia e passeava pelos bares ao redor.
Dia 17 de fevereiro de 2016, Bóris estava caminhando pelo seu bairro, quando, de repente foi atacado por um pit-bull e resolveu se esconder no estacionamento, ao lado do sebo, onde faleceu do coração por causa do susto. Então o bichano foi enterrado atrás da livraria.
Porém, o curioso, é que dias após o seu falecimento, outras lendas surgiram envolvendo o espírito do animal, que leremos abaixo:
Cris era uma menina carente que ajudava sua mãe a recolher papel, no seu carrinho de reciclagem, no Largo da Ordem. O sonho desta garota era ser miss e modelo. Além disto, ela gostava de entrar em bibliotecas e folhear livros. Cris vivia namorando exemplares da obra O Pequeno Príncipe porque sua avó falou que toda a miss, que se preze, tem que ler este livro. Toda a vez que esta menina ia até o sebo folhear O Pequeno Príncipe, Bóris ficava observando.
Assim, na noite do dia 18 de fevereiro, Cris resolveu dormir dentro do carrinho de papel, em frente ao sebo. Porém, no meio do sono, ela foi acordada por um gato preto, que carregava um exemplar do Pequeno Príncipe na boca, ao seu lado. O bicho deixou o livro no carrinho e evaporou-se na porta da livraria.
Logo surgiu o boato de que o fantasma de Bóris passou a doar livros, depois de seu falecimento, para as crianças carentes em noites de luar.
(Trecho do livro Lendas Curitibanas de Luciana do Rocio Mallon).
*Lucia do Rocio Mallon é formada em letras pela UFPR, magistério pelo colégio São José, hospitalidade pelo CEP, faz repentes e pesquisa lendas. Lançou os livros Lendas Curitibanas I em 2013 e Lendas Curitibanas 2 em 2019. Participou de antologias e ganhou concursos literários. Realiza performances gratuitas em eventos, participou do primeiro conselho de leitores da Gazeta do Povo e é colunista voluntária da revista A Empreendedora. Também dá aulas de dança no Centro Cultural Gabriela Valentina.