Quatro poemas de Fátima Mota
Fátima Mota é cearense de nascimento, potiguar de coração, uma autêntica comedora de camarão. Nordestina sim sinhô! Participa de Antologias físicas e digitais. Membro do Mov Poetas Del Mundo e do Portal CEN – Cá estamos Nós ( Ponte luso-brasileiro para lusófonos). Gosta de viajar, ler, escrever. Avó de Maria Yasmin, fonte de inspiração da poesia. Com textos em sites, revistas literárias e livros didáticos. Segue, tatuando poesias no seu outro lado.
***
Alma cigana
Dentro de mim
há silêncios
que ecoam
sonoros
e passos que me levam
mundo afora.
Às vezes reconhecem(me)
instantes de lucidez
outras, desafio
nitidez.
Dentro de mim há passagens
presságios
de vidas distantes.
Minh’alma nômade
(en) canto cigano.
Caminhos controversos
bifurcam-se
entre a felicidade
e o querer.
Réu confesso.
*
Poemínima para uma senhora
nas brumas que rasgam a noite
eu te afasto com esse jeito
de macho ( não sexsista )
que , por vezes,
me torna tosco
desajeitado
bobo
*
e quando no teu mapa geográfico
eu me perco laico
os calendários debulham
nossas vontades
sem tempo
sem idades
sem alardes
na rouquidão da palavra
que se derrete
nesse céu
entre dentes e língua
nos teu lábios.
*
Ilusão
*
Os
teus
mistérios
saem… vez por outra,
a passear nos
meus delírios
Eu
parto
solidão
*
Tigresa
Como um gato
tinha sete vidas
e ligeiros saltos.
Transitava sem medos
e de pelo eriçado
pelo toque do vento norte.
Compunha a sua história
entre parcos olhares
e discretos calendários.
*
Femínea
Um anjo, desses com uma só asa
me desabita
e sem nenhum pudor, e_leva_me
a lugares oblíquos.
Não vejo o céu , nuvens branquinhas ou São Pedro com a chave na mão.
Esse anjo profano
me despe cheio de boas intenções
_ deixa minh’alma leve!…
E quando me apercebo
Eu_ afeita a me parecer santa
re_existo numa pintura
Quiçá um Botticelli
ou
um Tiziano!
Beleza desnuda
flutuo no limbo entre o amor sacro e o profano.
Os meus limites testados
Eu re_existo
Monalisa com esse sorriso enigmático.
Na verdade, de Madona nada tenho,
encontro-me cicatrizes e, voraz,
Frida!
Não calo-me!