Quatro poemas de Lutsé Rumeia
Lutsé Rumeia nasceu em 1983 em Cuamba, na Província de Niassa (Moçambique), e reside em Cabo Delgado.
Actualmente é professor de Introdução à Filosofia e é Estudante finalista do curso de Licenciatura em ensino de Filosofia com habilidades em História, na UP- Maputo.
Não tem nenhuma obra publicada.
Lágrimas enxutas e outros poemas é uma obra de estreia. E ainda, tem no prelo uma colectânea de contos e um romance em processo de escrita.
***
Procuro
Procuro no vento
Uma manhã
Para tecer e destecer
O meu princípio de criação.
Procuro na ternura
Da noite desta tempestade
Um novo alento
Uma alvorada de novas manhãs
Que em mim esvaneceram.
*
Temor e tremor
Eu temo
E tremo que um pedaço da minha Pátria não exista
E que todos nós sejamos párias
Na nossa própria terra.
Eu temo e tremo
Que esta Pátria
Em cujos leitos correm e percorrem
Rios de sangue dos nossos Antepassados
Custosamente derramados na luta pela Independência e Liberdade
Nossas feridas herdadas de centenas de anos de luta
Jamais cicatrizem hoje, amanhã
E sempre.
*
Costureira
Conheço aquela costureira
Que sentada à porta da sua casa
E fechada em sua vida
Me acena um bom-dia
Quando por aquela rua passo todos os dias.
Desconheço porém
Ao passar por aquela rua
Se em cada dia que aquela costureira cose
Compreende que o que cose à mão
É a minha alma
Há muito descosida
Nas suas mãos.
*
Exílio
Não ter pátria
No coração e na minha alma
É o que quero.
Pertencer a fronteiras
E não ter nem um mapa
Nem uma geografia em que possa situar
O meu sentir enquanto supostamente vivo
Enquanto me sinto morto
É o que somente peço, sinto e espero.
Lau siqueira
Abolir as geografias. Gostei muito.
Muduir LUIS
As poesias nos faz pensar diferente.
Muduir LUIS
As poesias nos faz PENSAR a vida.
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