Quatro poemas de Rosberg Adonay
Rosberg Adonay. Ator Criador, Poeta, compositor e Produtor Cultural há 10 anos na Cidade de Caruaru-PE. Artista independente, desenvolve um trabalho artístico alternativo que potencializa o ato de levar a arte para as minorias e desenvolver o processo de transformação social. Participou de grupos relevantes na Cidade, teve sua formação artística pelo Teatro Experimental de Arte-TEA e o Grupo Cena Aberta-SESC Caruaru. Fundou em 2014 a Trupe Veja Bem Meu Bem com sua sede A Casa Teatro. A Trupe Veja Bem Meu Bem é um coletivo teatral de Caruaru, com a finalidade de pesquisar o teatro, suas estruturas e relações com o indivíduo e o espaço físico alternativo, apresentando-se em espaços não convencionais, proporcionando a aproximação entre artistas e público.
Arte Educador de teatro pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos-SDSDH. Prefeitura de Caruaru.
Participa do Grupo Feira de Teatro Popular na Cia Pernas pra Circular e no Mamusebá.
Desenvolve várias linguagens como bailarino. Diretor teatral, figurinista, iluminador. Na verdade, enxergar como o Ator Criador. O ator que cria sua obra, solo ou em coletivo dentro das dificuldades e estratégias. Participou de curtas-metragens, web série, shows – Elza Soares, Valdir Santos, Margaret Menezes, Gabriel Sá.
***
Para onde vão os humanos?
Buscando a felicidade fora.
Não se enxerga o dentro.
Por quê?
Não se olha dentro.
Beleza esfera de ouro.
Bom aquele que não é ele próprio.
É algo de ilusão que não existe. O que não existe?
O real está invisível
O real está longe de qualquer estrada. Muito mais.
Os olhos não veem
A mente não sente
O coração só bate
O corpo pulsa
E todos estão perdidos, ou não conseguem se contentar com o agora.
*
O que me resta
Na vida que brilha
Nos olhos o espírito
No gesto o coração
As armas nas mãos
Prazer em vão
O que vai?
Algo fica?
Explica?
Repete
Novamente
A certeza entortada
Sente fome
Quer dormir
Fecha os olhos
Nina Simone
Canta
A cadeira de balanço vazia
De mente livre
Um tigre
Um touro
Certo de que seu coração vai parar um dia
Respira
Inspira
A Lua some na chuva
Arrepio
O ar frio
O Rio
Poluído
Refletindo
Dizendo: Canalhas!
Eu canalha
A navalha que sangrou
O Rio
Com lágrimas de desejos
Em vão…
Eu queria continuar escrevendo…
Falar de muita coisa…
Mas eu tenho que terminar o poema.
*
Como eu queria
Como era bom
Como acabou?
O que ficou?
O que já foi?
O que foi?
Por que foi?
Eu não sei aonde o destruído coração cheio cicatrizes evaporando sua esperança quer chegar.
Eu não espero o sofrimento penetrado na canção que criei ir embora, eu desenho a sua sepultura e
com o poder da mente eu o jogo no lixo.
Não serve mais, meu bem.
Eu cubro meu corpo esperando o momento de acordar
Eu já sei…
De alguma forma eu sabia.
Eu acordo e volto, e lembro, e vivo.
Nunca mais vou esperar. Eu mandei ela ir embora
A saudade
Cansei dela
A verdade
Neguei o que mais me fez sentir, esperando o verão para andar de mãos dadas na beira do mar.
*
Para Édily
Proveitoso
Proveito tomado pelo vento
Prazer de levar o em vão
A toa
Toada de vida
Decepção
Passa teu local
Que talvez eu escrevo
Um verso sobre a fome
Que tu sente
Culpa
Culpar o escuro
Quando se quer dormir
Jogar o jogo inocente
Na perca de um orgasmo
Amor
A sede traz o que nunca deveria
A falta de NINA mata o que o dinheiro jamais pode comprar
Eu
Vontade de viver
Olhar
Ver
Sentir
Descobrir
Amamentar
Viver em paciência
Até o sal fez falta
Nas palavras ditas
Nas costas minhas
Que pagaria até um Uber
Para ouvir o não dito
Ao vivo
Presente
Na minha frente
Dizer o que não tem nada de novo.
Eu já sabia.
Xau baby
A tua sombra não cobre mais
Minha vontade de ver o sol
E tomar banho de chuva.
E pensar que o prazer do meu ser
É só isso.
Sinto muito.