Seis poemas de Alexandra Barcellos
Alexandra Barcellos. “Sou originalmente nativa de Foz do Iguaçu e, portanto, “bicho do Paraná”, mas não posso negar que uma parte de mim é cidadã do mundo e isso, por si só, é um grande privilégio. Cidades como Rio de Janeiro, Guarapari, Natal, Belém, Macapá, Manaus foram minhas primeiras impressões desse imenso país e não consigo deixar de me emocionar quando penso que já vivi em alguns dos lugares mais bonitos do Brasil.
Meu maior sonho sempre foi me tornar poeta e escritora. Comecei escrevendo livros infanto-juvenis, depois contos e romances com narrativas ecológicas e preservacionistas. Em 2014, publiquei meu primeiro livro de poesia, Velho Talismã, em 2017 outro título chamado Árvore Mãe, que fala sobre minha ancestralidade, e em 2018 surgiu o Aquário de Amor.
Meu décimo lançamento literário é um livro de poesias chamado Coração Nômade”.
Email: alexandrapoeta@gmail.com
Instagram: @barcellos.alexandra
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Nesse lado do universo
Os anos passam sem nos controlar
Eu posso tocar na sua alma
Toda vez que você diz
Que está precisando de mais amor
Eu nunca te deixarei sozinho
Sempre que necessário vamos para um lugar Quartzo Rosa
E de lá
Ficamos olhando a Terra
Sinto saudades de algumas coisas
Mas sem sofrimento
E respiro o momento
De viver nesse outro universo.
*
O caos desse meu Coração Nômade
Ainda irá me levar
Para um lugar diferente.
*
Enquanto você andava perdido
Por toda nossa cidade
Eu escrevia poesias
Sem rimas
E não me importava
Com opiniões alheias
Porque quando você voltava
Ainda perdido
Eu me encontrava
Mais incrível do que nunca
Nas nossas loucuras.
*
Sou muito grata por ter crescido numa família nômade
Foi isso que aconteceu comigo
Parei de contar o número de casas nas quais morei
Depois que elas passaram de 40
E as regiões do Brasil que me abrigaram
Tornaram-se meu lar por inteiro
Depois vieram outros países
Guardo tudo que vivi, todas as casas onde morei,
Todos os sotaques e culturas que incorporei
Todas as pessoas que encontrei
E tudo que eu amei
Na memória do meu Coração Nômade.
*
Ela chegou atrasada
E ele estava nervoso
Era uma terça de outubro
De um ano louco
Ele pediu café e ela vinho
Eles pareciam duas crianças assustadas
E continuaram assim por um bom tempo
Ela gostava de tudo nele
Mas ele nunca perdeu o medo
De ser feliz
E ela o perdeu
Por isso.
*
São 15:54 e você cruza pela Vicente Machado
Sem vontade nenhuma de seguir sua velha rotina
Então… você se olha no espelho
E muda de direção dizendo
Adeus.