Seis poemas de Machado Bantu
Rodrigo Abrahão Machado Gomes ou apenas “Machado Bantu” nasceu em Porto alegre/RS em abril de 1976 e reside em Alvorada, Região metropolitana de Alvorada desde 1987 quando foi com sua mãe e suas duas irmãs morar em uma Ocupação Popular, hoje bairro da cidade chamado Onze de Abril. Escreve poemas desde os 11 anos. Tem 44 anos, filho de uma cozinheira aposentada e de um motorista também aposentado.
Cursou Publicidade e Propaganda como ensino técnico no Ensino Médio e cursou Letras e Políticas Públicas na UFRGS ambas ainda por completar. Pois teve de interromper os estudos em função do trabalho que colidiam com o horário das aulas.
Não possui livros próprios lançados, apenas alguns poemas publicados em livros de coletâneas e em alguns jornais alternativos.
***
Projeto o amor
fora do peito
na épice
na epiderme
de um amigo
no filtro lunar
no haikai de poemas
nos lençóis, paineiras
no teto, congar.
Em afetos, nas cristas
das ondas.
Projeto o amor
Numa selfie
Num flash
Na folha de um jacarandá
E do que dele se reflita.
Projeto o amor
Que se alastre
E se perca
Sem conta ou cláusula
De sangue
Com testemunhas de quero-quero
E gaivotas crianças.
Primavera/2017
*
Posto indeferido
Não é a sua aprovação!
Muito menos o seu desprezo!
Nem seu palpite, nem seu despiste.
Suas influências, sua ascendência.
Sua cara de nojo, seja pelo que leio,
pelo que absorvo
Não é por seu asco, sua vaia
Qual coisa que joga na cara, sua ladaia
Na fila do trem ou do metrô
Na longínqua dos sonhos
Na bienal de amores
No rumo que enveredo o meu aconchego
Em súmula conta gota
No tamanho da minha boca
Na lisura de meus versos
Se nele estão ou não os meus gestos
Minha clave
Meu tambor.
*
No dia que poemas
acertarem na loteria
e virarem chacota
(a ponto de serem catalogadas em
dicionário como o Bizarro).
Eu irei ter meu livro-arbítrio-antígeno
e assim pugilarei
com toda obviedade se necessário
por minhas sementes
de dentro t’seus ramos
identitários.
*
A minha caligrafia
A minha esgrima
Nesta rede
Não me define.
*
Selfie/ C’est La Vie
Onde Tem uma negra
Rindo
Onde viva um negro
Visto
Onde vive o índio
Convívio
Onde a palavra atinja
A poesia habite
Livre
(ali andou o início).
Onde o ar transgrida
O par do peito
A janela
E vire brisa
E os pássaros colidam
E com asas andem juntos.
Quando o conhecimento seja
O ambício
É lá que eu resido
É lá que eu vivo.
*
Capta meu espírito
Me cola cartazes e me grifa
Pinta – risca – transborda
Ativa telepatia
Existe
Instala nobreak
Assiste séries de tv
Se diz, cético, não sexista
Anda de uber
Quando tem médico
Estuda horas a fio
A alma
Alheia a tudo.
Waltermuller
Palavras e Imagens Inesperadas Se Chocam Criando Incenios Inusitados!
Rodrigo Abrahão Machado Gomes
eu confesso tudo. foi tudo premeditado, seria a lua na terra. o vespertino, o tal telejornal, as inverdades, alguma pose um jeito de pegar na taça, de cheirar o café.
ROZANA gASTALDI cOMINAL
“Em afetos/minha clave/meu tambor”!
Rodrigo Abrahão Machado Gomes
por ser quem sabe tudo o que possamos sentir, quem sabe tocar e depois em diante, despertar.
MARCIA ARRUDA ESCRIMIM PINTO
“Onde a palavra atinja
A poesia habite
Livre
(ali andou o início).”
Ah, magnifico! Parabéns poeta, nossa dor é incerta, não pode o castigo nos abater, alma livre, teimamos em ser. bjs