Sete poemas de Luiza
Luiza Machado é artista e poeta nascida em Joinville – Santa Catarina. Graduou-se em Design de Produto e fez especialização em Design Thinking, mas sempre foi apaixonada e se dedicou às artes. Agora conta com uma página de arte e uma de poemas no instagram e está escrevendo e ilustrando seu primeiro livro, que será lançado em forma de e-book, com o título Pinta Poeta.
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Carência em quarentena
Aperto no peito
Nó na garganta
Lágrimas nos olhos
Necessidade
De abraços
Beijos
Afetos
Palavras quentes
Olhares singelos
Sorrisos leves
Tudo parecia peso
Dor
Desprezo
De mim pra mim
De outros pra mim
As ligações perdiam
Sentido
E eu
Parei
Na estrada da vida
Pra onde carrego
Todas essas
Necessidades…?
*
Partir
Fechei os olhos
Há muito
Fixados em ti
E foquei em mim
Preciso voar
Pra longe
(e eu que fui embora dessa vez)
*
Brilho
Quando a vi de primeira
Não prestei atenção
No brilho do álcool
Do fervor e da ansiedade
Trocamos palavras e sorrisos
E nos esbarramos
Mais de uma vez naquele dia
Antes de partir
Que finalmente
A notei
Olhos gentis
Um sorriso leve
Voz tão doce
Que parecia mel
Derretendo minha armadura
Saí com pensamento lá
Talvez esse encontro
Tenha sido só
De minha parte
Mas deu felicidade
Repousar meus olhos
Nessa moça
(Pessoas que brilham)
*
Presença
Às vezes
Cercada
Por sua arte
Quase sinto
Sua presença aqui
Leve e suave
Como tinta escorrendo
Pelos meus dedos
*
Romances de uma noite
Queria ler pra ti
Meus poemas
Tomando vinho
Em alguma varanda
Dançar na sala
E rir contigo
O coração acelerado
Risos e sorrisos
Nossas mãos quentes
Beijo doce
Que vira a noite
Em suor e calor
Acordar no abraço
Te fazer café
Pintar uma obra
Com meus dedos
Em tuas costas
E tu deixar
Teu cheiro
Em meu travesseiro
E saudades
Sem expectativas
Pra te encontrar de novo
Sem compromisso
E viver mais
Romances
De uma noite
*
(Leve o que é leve e deixe o que amarra)
não falar.
Engoli pedras
Grandes e pontudas
Que me desceram
Rasgando
Cada uma
Por algo
Que não falei
Por não me sentir
Segura ou forte
Ou por me sentir
Boba ou frágil
E o buraco
Que elas abriram
Sangrou
Eu
(E se falo ninguém escuta)
*
Cores
Quando vou
Novamente poder
Misturar
Tuas cores
Nas minhas?
E finalmente
Me afogar
Nos tons
Que saem
De nós
Nuas?
Nós
Duas
(Deita na minha cama, amor. Me deixa pintar o céu estrelado no teu corpo com minhas mãos)