Sete poemas de Matheus de Paula
Matheus de Paula é natural de Belo Horizonte. Designer gráfico formado pela UFMG. Começou a escrever como resposta/devolução das inquietudes de se ler poesia. Sonha em trabalhar com livros.
***
conquistar ansiedade
como cristal sob pressão
formado há milênios
sob a vigília
da sua volta
*
vertiginosa
no topo do edifício
esperando uma ventania
carregar essa febre
e fazer chover
no meu metro quadrado
[ ]
*
para Agnès Varda
a única vida que conheço
precede
uma imaginação autopredatória
que me coloca à frente
um caminho a ser percorrido
andando de costas
*
vou deslocar
a linha divisora
dos hemisférios
para resolver uma equação
de improbabilidades como
eu
vezes
você
flores de camomila
em bebedouros de pássaros:
superstições como essa
marcam a vontade
de diluir
no tempo das aves
a inquietante certeza
de voos
turbulentos
*
eu tenho a pedra da loucura
e espelhos suficientes para cair
no abismo prateado
levo comigo
alguns penduricalhos
de escambos passados
que brilham mais que ouro no dente
um garimpo de imagens
com peneira de pano
a poeira a ruir
este léxico trágico
*
geografia
em paredes descascadas
continentes amorfos
revestidos de cal e pólvora
guardam o mapa alvo
que tudo ouve, tudo vê