Telefonemas direto de Jeri – Por Carla Cunha
Na coluna mensal “Teia Labirinto”, Carla Cunha escreve sobre Literatura Erótica e Pornográfica. O nome da coluna nos remete à trama e aos caminhos enrodilhados que todos nós enfrentamos ao pensar na própria sexualidade. Nessa trajetória, pontos se conectam e produzem uma teia de informações sobre quem somos. Porém, às vezes, não encontramos o caminho e a sensação é como se estivéssemos num Labirinto.
Carla Cunha é paulista, escritora de Literatura Erótica e Pornográfica, mantém um blog com textos sobre o tema e em 2019 lançou Vermelho Infinito.
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Telefonemas direto de Jeri
Telefonema 1 – 4h13min
Alô, quem é?
Iza, sou eu, Quipa.
Quipa? Qual Quipa?
Como assim? Quipa, seu vizinho.
Lembro vagamente.
Para com isso.
Sim, tivemos um affair em outra vida, faz tempo, hein?
Não faz assim, Pimentinha.
Oi? Olha só, Quipa, vou lhe esclarecer, são, deixa eu ver aqui. Quê? São quatro horas da manhã, gato. Depois de sumir por mais de noventa dias, resolve me ligar quatro da manhã? Qual é a sua bússola? Se liga boy, vou desligar. Tchau!
Não, não, calma, não desliga. Tenho que dizer algo muito importante para você.
Não quero saber.
É sério, você vai entender o motivo de ligar uma hora dessas.
Não vou entender nada, você está atrapalhando meu sono.
Sim, eu sei, mas tem um motivo muito especial.
Sei!
É verdade, preciso falar agora mesmo com você.
Não, Quipa, se liga, gato. Não insiste, por favor, vou desligar na sua cara.
Não faz isso, pelo amor de Deus.
Deus? Hahaha, você está de brincadeira. Nem acredita em Deus, talvez no diabo. Sua cara. Sinceramente, está me tirando do sério. Perturbando meu sono, preciso trabalhar cedo amanhã e você com esse papo mole. Qual é garoto? Cresce.
Por favor, você já acordou mesmo, se não quisesse falar, deixaria o celular no silencioso, por favor. Escuta o que tenho para dizer.
Hum… Não havia percebido o quanto você é chato. E a sua namoradinha pornográfica, está aí do lado?
Não, a gente terminou faz tempo.
Claro, imagino, deve fazer menos de um dia. É por isso que está me ligando. Carência? Vou desligar.
Não, calma, não tem nada a ver com ela. O que preciso dizer é para você. Escuta, por favor.
Sim, já estou acordada mesmo, fala então. O que de tão importante precisa falar?
Sonhei com você.
I? É isso? Sonhou comigo. Tá, e daí?
Não é um sonho qualquer.
Óbvio, comigo nunca é um sonho qualquer. Grande descoberta. Sinceramente, Quipa você é sem noção total, absolutamente total.
Você apareceu no meu sonho na praia de Jericoacoara. Estava lá fazendo uma filmagem e você apareceu na praia vindo do mar.
Hahahaha, virei Yemanjá agora? Me poupe. Você tem cada uma. Só o que me faltava. Amigo, dá licença gato. Tenho que ir.
Não, não desliga, o mais surprendente vem agora. Você estava emitindo uma luz dourada por todo o corpo.
Ah!, Quipa, todo mundo na praia reflete a luz do sol. Nada de extraordinário até aqui.
Você não entendeu, não era a luz do sol, era a sua própria luz.
Sei, claro, sou iluminada, nenhuma novidade até aqui.
Iza, escute, você é uma Deusa, sabia?
Ah, para com isso, não sou Deusa porra nenhuma, sou bruxa mesmo. E das boas, daqui a pouco vou fazer uma bela magia e você vai sumir do meu radar, fica esperto, gato.
Você não quer que eu suma, que eu sei. Diz aí, você quer mesmo que eu suma da sua vida? Nunca mais ligue para você. Nunquinha, nunquinha de verdade?
As quatro horas da manhã? Sinceramente, quero que suma.
Não contei o resto do sonho, o mais importante. Aqui você vai entender o motivo da ligação.
Tá fala logo!
Você vinha na minha direção, irradiando o dourado por todo o corpo, quando chegou mais perto, percebi que estava totalmente nua. Nossa!
Eu andando nua em Jericoacoara? Não era eu. Certeza.
Era sim, e sabe por que sei que era você?
Fala, por que era eu?
Porque você se aproximou de mim e tirou minha bermuda e começou a me chupar do jeito que só você sabe chupar, passando a língua de um lado ao outra ao redor da cabeça do pau. Sabe aquele jeito?
Ah, Quipa, você é ridículo, sabia?
Jura? Você se lembra do seu brinquedo predileto, poxa, Iza, você adora chupar o Quipão.
Ah! Vai se danar, Quipa.
Iza, Iza, Iza! (Dã, dã, dãaa.)
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Telefonema 2 – 5h24min
Alô, Quipa, é você?
Oi!
Nossa, desculpa, a ligação caiu aquela hora, deixa eu falar, preciso com urgência falar com você.
Poxa, Pimentinha, você me deixou falando sozinho.
Não! Imagina querido, foi impressão sua, tô aqui, não tô? Então, bebê!
Agora já foi, preciso dormir, Iza.
O quê? Você não quer mais falar comigo, denguinho. Tô toda molhadinha, sabe por quê?
Hum, fala Iza! Fala!
Sonhei que eu te chupava na praia de Jericoacoara.
Você tá brincando?
Não estou, não. Juro, sonhei, é verdade, verdadeira. E sabe o que aconteceu?
Fala, fala, o que aconteceu?
Você quis me chupar, chupar sua Pimentinha.
Claro que quis, claro.
Então, você me chupou na praia, Quipa?
Chupei, chupei sim. Nossa, tô doidão por você.
Sério, Quipa. Não acredito, sério mesmo? Estou me tocando, imaginando nós dois. Você frenético, com a língua rodopiando na minha boceta. Suga pouquinho, solta, suga, depois a pontinha bem do ladinho do clítoris, para frente e para trás, sabe?
Sei, sei!
Ahhh! Delícia, Quipa, delícia! Vou gozar muito gostoso.
Goza, meu amor, tanta saudades, goza. Depois quero que você me chupe.
Claaaroo, eu chuuuupoooo, ahhhhh! Ahhhh!
Nossa, que delícia, que maravilhoso, que tudo! Quipa, meu amor, você é o melhor.
Iza, que coisa linda, meu anjo, que coisa linda, agora quero que você me chupe, fala para mim como você faz, fala meu amor.
Hum… Falo, eu vou falar.
Conta como você me chupa.
zzzzzzzz!
Iza, conta para o papai, conta, Iza.
zzzzzz!
Iza, Iza, estou falando com você.
zzzzzz!
Iza, Iza! Poxa, Iza! Poxa, hein!