Três poemas de Arthur Lungov
Arthur Lungov é poeta e editor de poesia da Lavoura, revista de literatura contemporânea. É autor do livro Luzes fortes, delírios urbanos (Patuá, 2016) e Corpos (inédito). Foi publicado em coletâneas e revistas literárias (mallarmargens, gueto, Raimundo, O Casulo, Poesia do poeta etc.). É curador convidado da Casa Philos para a FLIP 2018. Email para contato: albugelli@gmail.com
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Portuñol
línguas enroladas
dançam Tango
ao som
de buenos aires
voltas
curvas
bamboleios
eixo próprio
invertido
o Sul começa
onde surgimos
península asmática presa
no peito
o som chiante abafa
qualquer dúvida
de procedência
hecho en américa latina
*
Filé
assim como vai
o templo rui
o templo dentro do templo
que nos disseram ornaram
mediram
a multidão fica de pé
corre
avança
arranca
necos de
fibra
os avisos
se estenderam
demais
caímos na fome do outro
como surgimos do apetite
de nossos pais
*
Sertão
sem nuvem, não adianta dançar
mais vale fazer fumaça
castigando a terra
com os pés
quem racha no seco
precisa exprimir afora
o mar
de si
e aprender
a vazar