Três poemas de Dylla Vicente
Dylla Vicente tem 27 anos e é estudante de Letras – Português/Inglês e Literatura Brasileira. Escreve poemas, contos e prosa poética. Tem alguns poemas vencedores em concursos literários, como, por exemplo, “Saudade” (classificado no Concurso Nacional Novos Poetas, 2016), “Abandono” (classificado no Concurso de Poesia Agora Verão, 2019 pela Editora Trevo), “Violetas são azuis” (classificado no Concurso de Poesia Agora Outono, 2019, também pela editora Trevo), entre outros. Recentemente, lançou sua primeira coletânea de poemas pela editora Palavra é Arte (2019).
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PRETÉRITO CINÉREO
Pus-me ao além dos fios em galho,
O Afoguei em meus olhos — Castanho-esverdeados!
O castanho que irradiou, um dia,
Reflete o verde escuro d’agonia…
Uma folha amada no galho,
Vejo além, um mundo em nuvens pardas,
Co´amarga lembrança de tu’alma calada.
Fui tua… cetinosa folha! Folha amada! É a reticência que nomeia rotas,
Calaste em prelúdios solares d’um grito…
Zelo-te com esmero,
Mesmo que não mereça…
E mereça ser… um galho velho!
— “Teu olhar é uma Âncora” —
Uma verdade absoluta, sim…
Afogaste em meus olhos,
Sufocaste no esverdeado céu-Mar
Que nunca verá…
O quão sonoro é o marulhar das ondas no Mar.
Um dia; o solar do teu riso irradiou as manhãs,
Tão só quanto este mesmo dia….
Foi minha alegria,
Farta dessa paz efêmera que mente!
— “Teus olhos são abismo…”—
Morte soterrada num pé d’hibisco,
Serenata falha que espalha…Falta.
Pretérito Cinéreo qu’inda mata-me.
E o soar das folhas dizem mais sobre ti, E o cair das lágrimas, muito mais sobre mim…
— Quisera mesmo abandonar-me, Pai?
*
VIOLETAS SÃO AZUIS
Violetas são palavras esvaecidas,
nuances outonais qu’inda insistem folhar.
Vi-te sussurrar infindáveis declamações
sobre a lágrima que deixaste cair em meu olhar.
A florescência d’outono inundou-me,
doí-me ver-te submerso, no dorso da palavra – Recôndito –
Amor de violetas, azuis, esmeraldinas…
A pungência silenciosa – poética –
O farfalhar das folhas nas pedras,
Escrevo-te in-verso gélidos, Rememorando-o sobre as linhas…
d’outono velho, remendado,
bordaste a antevisão desta alma fria. És chuva de folhas passadas.
– Violetas são azuis…
Dizia tu’alma exausta
– Violetas são azuis…
Repeti afirmando a triste inexistência de teu ser em meus braços!
*
ABANDONO
Fere-me um instante nesta vaga hora,
palpita o peito num silêncio singelo,
a voz faz-se pranto num canto quimérico
e o choro desata a tocar as notas deste
mísero abandono…
Quiser’ainda amar-te por entre lírios,
enaltecer-te pela mítica noite de frio
sobre o rubro funeral de nossos corações…
Feliz fora teu coração quando o tempo
fazia-se presente em cores e estação!
ah, este imenso rascunho de céu; de juras,
de risíveis lembranças que se vão…
Quais lágrimas descrevem o que sinto?!
se uma de minhas lágrimas é parte da imensidão;
outra, gota de inverno, dor em solidão.
Parte destas lágrimas ciciam ao vento significados
chorosos das mil lágrimas que tenho derramado pelo chão.
Que lágrimas falham na prece?
Quando tuas lágrimas me afogam nesta ingratidão.
E as lágrimas não mais dizem significados
que logo o tempo lutou por sua exatidão.
Lágrimas que te deixaram morar na estância de Deus
fazendo-te estar em meu coração,
escondendo-me dentro de teu coração…