Três poemas de Ellen Oliveira
Ellen Oliveira, poeta, militante, lésbica, estudante de filosofia afrikana e química. @estratosfericaaa
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Acontecimentos…
De Bia Ferreira a Marina Lima,
ninguém foi capaz de escrever uma
canção que tivesse uma poesia
equivalente ao que é pra mim
dedilhar tuas curva a dedo nu e
mapear cada canto do teu corpo
com a ponta dos meus dedos, ou até
mesmo descrever o carnaval que
acontece dentro de mim quando tua
boca se aproxima da minha e vejo
seu olhar cada vez mais perto( e o
teu cheiro toma conta do meu
ser)…até sentir tua face tocar a
minha.
*
Eu sou tua menina, viu…
Você fincou sua bandeira aqui, me
fez tua, me trouxe o compasso. Não
conseguiu me ensinar a dançar
forró…mas tem uma dança que você
me ensinou muito bem, a nossa!. O
meu corpo responde aos teus sinais
e chega a ser metafísica a forma
como nosso encontro monopoliza o
tempo, fazendo todo o resto se
tornar ínfimo diante da gente
matando a sede nessa fonte que
nunca seca, chamada desejo. Deve
ser por isso que eu estou aqui, te
escrevendo pra não entrar em
combustão… O amor é sem estar!.
*
Amores noturnos II
Ao acordar ao teu lado ás
quatorze horas de um
sábado solar(igualzinho ao
teu sorriso), tudo em mim
queimava e brilhava, mas
não era o sol invadindo o
quarto, era a tua presença
que me irradiava…era como
se o brilho ardente das tuas
chamas tivesse adentrado
por cada fresta da minha
existência e na coexistência
qual chamamos de
ancestralidade, eu era um
prisma que após ser
acometido por você passou
a refletir cores intensas e
vibrantes como a gente.
Logo eu percebi que já não
se tratava apenas de um
amor noturno…as nossas
almas já estavam
entrelaçadas numa dança,
feito os solos de Pina e uma
voz ecoava dentro de nós
dizendo “ Dance, Dance,
senão estaremos perdidos”
e em meio a esse turbilhão
de sentimentos, eu te olhava
dormir e me perguntava em
qual momento essa dança
começou…