Três poemas de Felipe Trombim
Felipe Trombim é de Piracicaba – SP, onde pretende graduar-se em psicologia. É amante das artes, especialmente poesia. Descobriu há uns dois anos o gosto por escrever seus próprios versos e costuma publicar a maioria deles em sua página no Facebook que leva seu nome (Felipe Trombim – Versos). Está sempre atento ao universo da poesia e tem como inspiração dos nomes clássicos e renomados aos novos autores (tendo por estes uma admiração especial). Trabalha em seu primeiro livro.
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lado b
Quero provar do fruto proibido
Abrir a caixa sem que o mal eu tema
Viver os dias sem estratagemas
Juntar pedaços meus adormecidos
Quero da lua o lado escurecido
Flertar com o que eu via ser problema
Brindar ao deus do vinho com poemas
Olhar-me no reflexo renascido
E assim derrubar fortes e castelos
Exércitos armados pra duelos
Em que garantem ordem em excesso
Do trono comedido então abdico
Busco escrever capítulos mais ricos
Dizendo sim à vida, sem regresso
*
pequena morte
na noite mingua a lua
na minha língua a tua
usa teus dentes, mordisca
o clima é quente, faísca
de cima a baixo, sou beijo
onde eu me encaixo, desejo
agita o facho te expondo
no teu riacho, estrondo
nos meus ouvidos, teus ais
teu corpo unido apraz
tal como ao vento balança
no movimento, a dança
da bossa nova ao rock
e te renova meu toque
teu interior, abrigo
teu despudor, amigo
em cada membro, há fome
já nem me lembro meu nome
onde começo ou termino
gozo em excesso, divino
teu nu percorre, lascivo
e a gente morre, tão vivo
*
beleza silenciosa
na voz baixa, tímida
que teme holofotes
na voz de sono ao acordar
na fragilidade exposta
a despeito das vaidades
patológicas e idealizações
inalcançáveis
eu a vejo…
(…)
na simplicidade
do silêncio confortável
enquanto o café é coado
num canto verde afastado
longe dos tráfegos
das veias de asfalto
velozes, ruidosas
caóticas
dos centros urbanos
eu a vejo…
na caligrafia torta da escrita
das ideias e dos versos
a próprio punho
nos guardanapos de papel
dos bares e cafeterias
na falta de rimas
regras, etiquetas
no ritmo solto, leve
na espontaneidade
das fotografias
sem filtros, sem padrões
no desapego material
e dos desejos
que nada preenchem
eu a vejo…
você me tirou o véu
me abriu as pálpebras
maturou meu olhar
para que eu enxergasse
na naturalidade das coisas
a beleza silenciosa do mundo