Três poemas de Gustavo Cardoso
Gustavo Cardoso (1997) é do Norte do Brasil. Nasceu em Tucuruí, no interior do Pará, e atualmente vive na cidade do Rio de Janeiro.
Acaba de atingir os turbulentos 20 anos e estuda Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Nacional de Direito (UFRJ), onde desenvolve pesquisas que versam sobre Direitos Humanos e Literatura. Tem ambições de poeta e ferramentas de romancista. Sua composição é feita de rio e mar: os dois elementos fazem parte de sua trajetória. Atualmente, publica em sua página pessoal do Facebook.
***
Ato Final
Último dia do ano:
ergui-me sobre um
verso de cálculo
estrito e elétrico.
Fiz poucos pactos
faustosos e reais
para o novo giro
em torno do Sol.
Escrevi ao leitor
inquieto um poema
de condição diária.
Mergulhei profundo
com uma bromélia
entre os dentes
no Rio Tocantins
e anunciei nos seios
de água amazônica:
um poeta vai adentrar
o que trepida na
imensidão.
***
Copacabana
Vi você fantasiado de
Apolo disparando pela
Avenida Atlântica.
Uma divindade soturna
arremessada para o mar
anil de Copacabana às
cinco horas da tarde.
Passaram os transeuntes
e a sua apoteose irradiava
sobre aqueles quiosques.
Você se erguendo e eu
apenas desejando que
a poesia tivesse nos
salvado.
*
Gabo ou Jactância de Surfista
Constato seu cabelo
em surfistas que cortam
a minha sombra nesta
manhã de sol colapsada
na Praia de Ipanema
Espelho de você, todos.
Não perdem uma série:
são relâmpagos sobre
uma prancha de surf.
Você, que não é surfista
nem sabe nadar, somente
poderá imaginar a vitória
deles sobre as ondas
do mar.