Três poemas de Leandro Pedrosa
Francisco Leandro Pedrosa Silva tem 23 anos e nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 14 de dezembro de 1995. Desde pequeno, sempre foi influenciado pela família adotiva a seguir com foco e obstinação os estudos. Frequentou o Colégio Piamarta até a 7ª série, quando iniciou seu gosto preferencial pelo português e pela literatura. Ao ser transferido para a escola pública Jenny Gomes, onde ficou até o ensino médio, sua paixão pela leitura e escrita só aumentaram. Hoje cursa o último semestre de Letras – Português na Universidade Estadual do Ceará e leciona na mesma escola em que terminou o ensino regular. Leandro Pedrosa tem alguns textos publicados em sites, tais como Recanto das Letras.
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Quid Tempus
Aqui entregue ao tempo,
Vejo o passado que já foi presente
E sorrio com um futuro ausente,
Do tempo que eu não tinha documento.
Ah, tempo! Como és sórdido.
Nos fazes chantagens baratas,
Teus escravos somos de passadas
Breves, como um animal ferido.
Escrever pra te fazer passar,
Não quero te ver, pois, já tens
A aparência que eu jamais querei ter,
Mesmo querendo viver mais tempo que possas me dar.
Que loucura olhar o relógio,
E me ver preso em ponteiros.
Livre nasci sem ter hora certa,
Onde certa hora terei que partir.
Não me venhas com folgas,
Com um segundo a mais ou a menos
De vida que já não esteja escrito
No livro ao qual nos destinemos.
*
Muso ingênuo
Você hoje me inspirou sem querer,
Só em viver já me deu motivos pra escrever.
Uso e abuso da sua existência, pra valer,
Me alimenta sendo, sem sequer saber…
Desconheces tua superioridade em meu coração,
Já foi Rei, imperador, e agora ladrão
Porque só quem pega sem pedir de antemão
Sabe que o amor permite que se livre da prisão.
Já me sinto dependente dessa tua alma,
Que em pequenas doses me desfibrila,
E nem posso pedir doses altas.
J’aime ton aura, não posso inibi-la.
Sou a cera da tua chama, me queime a vontade.
Não ligo pra Camões, quero ver esse amor que arde,
Só não podes ter conhecimento meu muso,
Dessa subordinação covarde.
*
Buscas ou Fugas?
O que é realidade senão uma ilusão alheia,
Cada um tem a sua, e não a vive.
Antes, procura uma que não existe,
E na grama mais verde do vizinho passeia.
Onde está o real que nos escapa
Pelos dedos da imaginação fugidia?
O que está em nossas mãos é apenas
Um presente fabricado pela correria.
Engana-se quem acha perigoso o futuro,
Quem na quimera suburbana e capitalista
Se detém diante do desejo comercialista,
E no coração ardente de sonhos há um furo.
Implacável fantasia é essa que usamos,
Que de disfarce também serve.
Mais falsos que os sentimentos humanos
São os humanos sentimentais que trocam de pele.