Três Poemas de Lindalva Alves
Lindalva Alves é pedagoga, psicóloga e está cursando Letras LIBRAS na UFMT. Atua como Intérprete de LIBRAS há 12 anos em escolas. Escreve poesias e tem algumas publicadas em sítios literários, entre eles a Revista Diálogos, da UFMT.
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Peneira
Em cada movimento do levantar da peneira
O vento leva para longe toda a sujeira
E o que não sai com o vento, cai no vão da peneira
E fica apenas o que vai ser útil.
E ser preparado para o uso.
Das inúmeras utilidades que a peneira tem
Vou fazer uma comparação e utilizá- la também.
Das críticas que não for construtiva e os pensamentos ruins,
O vento leva bem rápido, pra não fazer danos em mim.
E o que em nada acrescentar no vão da peneira irá passar.
Em todo sinal de alerta coloco a peneira em ação
E a mesma se encarrega de fazer a seleção.
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Sertão
E passam os pássaros contando
Como se estivessem me chamando para cantar lá no sertão.
Ao lado da garça branca,
Trazendo doce lembrança, na beira do rio pescar.
Como os peixes foram embora, pois é tempo de piracema,
Vai ser na beira o lago, que vou resolver o problema.
E com o bando sempre atento, voo livre sem escolta,
Quando a piracema acabar
Retornaremos o caminho de volta.
*
Sombras
Sombras que de longe trazem medo,
Chega-se perto descobre-se o segredo.
Segredos envoltos na escuridão,
Histórias esquecidos com o tocar da canção.
Canção que embala um amor que arrasa,
E o perfume transpira e o cheiro espalha.
E espalha a semente, que o vento leva para longe,
Para nascer esperança, a quem tem fome.
Quem tem fome de vida, e o sangue na veia corre,
E nas mãos carrega o desejo de lutar que morre.
Não morre porque se renova, com o sorriso de uma criança,
Que está dentro de nós, ao lembrarmos-nos da infância.
Infância que traz as histórias contadas,
E do medo das sombras que serão sempre lembradas.