Três poemas de Susanna Busato
Susanna Busato é poeta, paulistana e professora de Poesia Brasileira na UNESP, câmpus de São José do Rio Preto / SP. Doutora em Letras (UNESP) e Mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP). Coordena o Grupo de Estudos de Poesia – GEP/CNPq, voltado à pesquisa em poesia brasileira e à sua divulgação, por meio de atividades de leitura e recitais, e atividades de extensão. Participou do Recital Multitudo Haroldo de Campos, no Itaú Cultural, em São Paulo, em 2011, e do Recital Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros (homenagem a Oswald de Andrade), na FLIP em Paraty em 2012, ambos patrocinados pelo Itaú Cultural. Dentre os livros publicados, destaca-se o livro de poemas Corpos em Cena (Editora Patuá, 2013), finalista do Prêmio Jabuti de Poesia em 2014. Tem poemas publicados em antologias como Anamorfoses II, Antologia Patuscada; e revistas como Cult, Brasileiros e várias outras revistas eletrônicas como Zunái, dEsEnrEdoS, Mallarmargens, Aliás, Revista Gueto, Revista Pessoa, Poesia Primata. Tem ensaios publicados em livro e em revistas acadêmicas e especializadas em literatura e arte. Participou como locutora da edição de voz dos poemas de sua autoria para o curta-metragem Moinhos de Tempo, de Lucas Feitosa, em fevereiro de 2018.
***
Badaladas dandaló
Meninas
folham e refolham
sob o sol
loiras desandanças
embaladas danças.
Badaladas lançam
olhos flancos anéis.
Entrevê-las pelo
incerto. E pelo sempre
havê-las
e como que perdê-las
querê-las
incertas
louçãs.
*
Mulheres têm pelos
Mulheres têm pelos
cabelos
pentelhos
belos seios
e ponteios nos quadris.
Seguem severas
os escassos verdes da calçada.
Arrancam nos passos
anseios
receios
e fogem de olhares fuzis.
Temem a morte
na rua
temem a sorte
na esquina
à noite
de dia
em casa
na sala
no quarto
no ato.
Mulheres têm pelos
que a rondam
pena
e com ela escrevem
a dor de dentro
do vestido
seu recinto
de pudores azuis.
*
Mulheres em curvas
Mulheres em curvas
derramam-se em carnes
volumes de tempo
nódulos de nuncas
excessos
de si mesmas.
Nas suas bastanças
ondulam olhares
em puras destilações.
Nas curvas
humores de chuva
semeiam oásis
e fartas abluções.
Mulheres, as suas
órbitas avolumam
o roteiro de nossas
rendições.