Um poema de Ana Schaefer
Ana Schaefer é escritora, atriz, performer e artista multimídia. É graduanda em Artes na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde pesquisa autoficção. Foi selecionada no Prêmio OFF Flip 2021 e também produziu a vídeo-performance literária Confins de mim, exibida no Festival Feleli e no Festival Up!, além de finalista no Concurso Tâmaras – poesias para depois do amanhã. Realizou, em 2019, a performance Olho por olho, no Ateliê Orgânico, sobre a qual publicou um relato na Revista Desvio. No mesmo ano, participou da exposição coletiva PEGA III, no Centro Cultural Phábrika, com a instalação Mais que tu. Gosta de trabalhar nas fronteiras com aquilo que lhe escapa.
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Chamada de vídeo
Ali, na chamada de vídeo, se viu
selvagem. Já fora frágil. Era dócil.
E muitas vezes nem chegava a ser;
não ligava o vídeo. Naquele dia
em que se viu e finalmente foi,
foi má, mandou a todos um recado
ainda que silencioso; não tinha
ligado o áudio. Depois à noite,
quando se deliciava na ideia má
da memória do feito, se repetia:
amanhã vou ser de novo, amanhã
vou ser de novo, amanhã vou ser
de novo; até ceder ao sono e
dormir.