Um poema de Claudia Miranda Franco
Claudia Miranda Franco. Nascida na Cidade de Goiás (Goiás Velho), vive em Sinop a 10 anos, é Professora e Mestranda pelo PPGLETRAS UNEMAT. Escreveu o Livro Moenda (2020), é uma das autoras do Livro Rasuras Negras (2020). Mulher Negra, atua no Coletivo Negras Mato-Grossenses, é membro dos grupos de Pesquisa: Outrora Agora: História e Literatura contemporânea; GECOLIT: Estudos Comparativos de Literatura; PAPO FEMINISTA: Leituras, Estudos e Reflexões; e do Grupo de Estudos GEAZ 2021: Tornar-se Negro. Bolsista do Projeto Escola Verde, FAEPEN-MT.
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Baixada Morena
De tudo fica um pouco.
Nada se esvai no tear do tempo, que escolhe os fios e traça a trama.
Da chuva, terra húmida, vapor de sol vibrante.
Do Norte, estrada verde,
Baixada morena, vereda refresca desejos.
A mata fechada esconde segredos de grão-de-soja.
Fenda no tempo, recôndito,
O corpo se deita em regalo, mata a sede de vida.
A trilha estreita indica, o caminho de quedas abismais.
Me espalho.
Vejo longe,
Monstros de ferro se aproximam,
Levanta morena…
cortes abruptos, gemidos, voz emudecida…
do cheiro podre de seus seres
o fim concreto.
Gigantes verdes, tombados…
Ouve? Nada? Vê?
Represa, serena
espelhos dos que já não são…
Águas profundas agitam,
desejos de romper barragens …
A superfície esconde, caudalosas lembranças
Ser rio, correr seu fluxo,
Desaguar no mar.