Cinco poemas de Rejane Souza
Rejane Souza é natural de Nísia Floresta/RN. Graduada em Letras e mestra em Literatura Comparada pela UFRN. Coordenadora geral do Projeto de Formação de leitor em literatura infanto-juvenil, selecionado pelo Edital do BNB Cultural – BNDES – Governo Federal, e produtora cultural da I Feira Literária de Nísia Floresta. Membro da equipe avaliadora do Concurso Moacir Cyrne da Funcarte – na categoria Ensaio Literário – 2016, membro da ALAMP – Associação Literária e Artística das Mulheres Potiguares e membro do Conselho Municipal do Livro, Leitura e Bibliotecas de Natal/RN, 2019. Idealizadora e Coordenadora do Mulherio de Nísia Floresta/RN. Atualmente está na coordenação e articulação do III Encontro Nacional do Mulherio das Letras no RN.
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COMPOSIÇÃO QUASE PERFEITA DO ESCRITOR
A fortaleza dos versos de Cora Coralina
A musicalidade de Cecília Meireles
A humanidade da escritura de Thiago de Melo
A ironia necessária de Machado de Assis
O distanciamento crítico de um Cabral
A consciência do mundo de Drummond
A leveza da poética de Quintana
A subjetividade de Clarice
O ceticismo de Bandeira
O labirinto verbal de Rosa
A melancolia de Florbela
A agudeza de Augusto
E a heteronímia de Pessoa.
(Nísia Floresta/RN – 2017)
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FESTA DAS PALAVRAS
Para hermetizar as palavras,
Revisitei Galeano.
Para reviver a Infância,
Mirei em Manoel de Barros.
Para encantar a escrita,
Conectei Rilke.
Para mergulhar no surrealismo,
Li a Flor de Saramago.
Para poetizar,
Inspirei-me na Onda de Lee.
E para me fertilizar,
Absorvi o Beijo de Couto.
(Recife/ PE -2019)
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UM DIA, EU GRITO
Silencio, quando reclama da comida
Travo, quando me grita no meio da multidão.
Constranjo, quando me obriga a trazer a toalha.
Morro, quando não me deixa dormir.
(Nísia Floresta/RN -2019)
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CATARSE
Costuro no silêncio meu desejo de fala
Sufoco meu grito na palavra escrita
Suavizo o sofrimento dentro da poesia
(Junho/2019)
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MINHA MEMÓRIA TEM MUITOS GOSTOS
Gosto de guabirabas, ubalhas, camboins e bom-de-galo.
Tem cores de bois-de reis, pastoris, das cantigas de roda e dos brinquedos populares.
Minhas memórias têm ecos das histórias de trancoso, de lendas e mitos,
têm sabor das comidas regionais: canjicas, beijus, tapiocas, baião de dois.
De banho de chuvas e dos riachos…
Minhas memórias têm cheiro de bebê, de frutas maduras, de lenha, de peixes assado à brasa, de roseiras, de terra.
Minhas memórias têm sentimentos de Deus, de saudade, de amor,
de amizade, de alegria, de melancolia, de desencanto, solidão…
Minha memória é esse barroquismo de sim e de não…
que (des) equilibra meu chão.
(Natal/ 2006)
Rosa Ramos Regis da Silva
Amei todos os poemas! são belíssimos! cada um faz-me viajar à minha infância e adolescência.