Dois poemas de Ítalo Lima
Ítalo Lima nasceu em Teresina/PI. Formado em Publicidade e Propaganda e cheio de inquietações na pele. Poeta em estado constante de aflição. Pós-graduando em Literatura e linguística. Tem dois livros publicados: Quando a gente se mata numa poesia, 2017, lançado na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. E autor da obra Tem sempre uma esperança se prostituindo dentro da gente, 2018, editora Viseu. Participa também da coletânea Poeresia, produzido pela Casa Literária.
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souvenir
eu evito cuspir
cactos pela boca
quase sempre morro
entalado com esse
gosto seco de saudade
arranhando forte
minha garganta cinza
evito mesmo é morrer
de olhos abertos
para que não vejam
a imagem tua
em minha retina.
*
Perene
A canoa
Que em mim
Emerge
Banhada
De punhados
De sal grosso
Traz lembranças
Da febre que tive
De quando criança
Do mal que acomodava
Na beira do escuro
Ou da bituca de cigarro
Que meu pai
Me obrigava
A engolir
Sem fazer careta
Hoje eu sei
Que o amor que
Em mim engasga
Pelas beiras
Faz da minha
Voz um mero
Grito em vão
De socorro
Tudo em mim
É feito de afogamento
Vou morrendo
Em cada mínimo sufoco:
Sei bem da criança
Que abandonei
No fundo do lago