Entrevista com a escritora Rita Queiroz – Por Vanessa Franco
Na coluna mensal “Mulheres na Literatura”, Vanessa Franco aborda entrevistas com escritoras, resenhas de livros, publicação e análise de poemas e traz novidades do mundo literário envolvido por mulheres.
Vanessa Franco é professora de teatro, atriz, palhaça e poeta paraense.
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Entrevista com a escritora Rita Queiroz
Em primeiro lugar, quem é Rita Queiroz e como surgiu o seu amor pela escrita?
Rita Queiroz é uma leonina, com ascendente em áries, nascida na terra de Nosso Senhor do Bomfim, banhada pela Baía de Todos os Santos. Uma pessoa solar, que ama praia, montanha, viagens, cheiros, cores, sabores. Meu amor pela escrita começou desde que aprendi a ler e escrever. Desde muito cedo comecei a escrever cartas para os parentes que foram morar em São Paulo. Era assim a nossa comunicação antes da era da internet. Lia muito também, principalmente fotonovelas. As minhas preferidas eram as italianas, que traziam informações culturais que me ajudaram muito, principalmente sobre os povos antigos.
Rita, com quantos anos você começou a sua vida como escritora?
Acho que somos escritores desde o momento em que escrevemos, mas escritora da arte literária, tenho pouco tempo, seis anos. Dediquei boa parte da minha vida à carreira acadêmica, para a qual escrevi uma dissertação, uma tese, centenas de artigos e capítulos de livros, bem como organizei livros.
Qual é a sua influência literária?
Posso dizer que tenho influências, das quais destaco Cecília Meireles, Vinícius de Morais, Affonso Romano de Sant’Anna, Machado de Assis, Jorge Amado, Florbela Espanca, entre os canônicos. Das escritoras contemporâneas, destaco: Érica Azevedo, Luiza Cantanhêde e Conceição Evaristo.
Quais foram os últimos livros que você leu?
Os livros de poemas de Luiza Cantanhêde (Palafitas, Amanhã serei uma flor insana, Pequeno ensaio amoroso), de Diana Pilatti (Palavras avulsas e Palavras póstumas).
Conte um pouco como foi o seu despertar para a escrita. Em qual momento você se reconheceu como escritora?
Meu despertar para a escrita se deu ainda criança, mas somente adulta tive a devida consciência do poder que a escrita tem. Me reconhecer como escritora, olhando para o que já fiz, foi quando publiquei meu primeiro livro, cujo lançamento fiquei dando autógrafos (rsrsrs). Isso aconteceu em 2006, quando nasceu o livro A escrita autobiográfica de Doutor Remédios: edição de suas memórias. Trata-se de uma publicação acadêmica que traz um dos resultados de minha pesquisa acerca de documentos manuscritos baianos. Desde então publiquei alguns livros acadêmicos e de 2016 para cá venho publicando textos literários.
Você tem algum livro publicado?
Sim, tenho 10 livros solos, destes 5 são para o público adulto e 5 para o público infantojuvenil, e 9 coletâneas que organizei. Velas ao vento (Penalux-2020), Confissões de Afrodite (Penalux-2019), O Canto da borboleta (Penalux-2018), Canibalismos (Penalux-2017) e Colheitas (Darda-2018); para o público infantojuvenil: Grimalda: a lagartixa empoderada (edição trílingue: português, inglês e espanhol – Historinhas pra contar-2020), Bordado de sonhos (Edição da autora-2020), As artes de Vavalô (em coautoria com Márcia Queiroz – Historinhas pra contar-2020), Sonhos de criança (em coautoria com Aldirene Máximo – Edição da autora-2020) e Ciranda, cirandinha: vamos brincar com poesia? (Darda-2019). Organizadora de 9 coletâneas: Contos que a Bahia tem 2 (Em co-autoria com Palmira Heine, Carla Chastinet, Luciana Ávila e Terezinha Passos – Edição da autora-2020), Confraria em prosa: olhares e vozes femininas (Penalux-2020), Aldravia Mulher: feminino em poesia (Darda-2019), Brasis poéticos (Darda-2019), Nas teias de Eros vol. 2 (Darda-2018), Bahia, terra de luz e amor (em co-autoria com Palmira Heine – Darda-2018), Confraria poética feminina vol. 2 (Penalux-2018), Nas teias de Eros vol. 1 (Darda-2017), Confraria poética feminina vol. 1 (Penaux-2016).
Qual é o gênero que você escreve?
Escrevo poesia e prosa, com temáticas variadas, do infantojuvenil ao erótico.
Você consegue viver do ofício de escritora?
Não. Meu sustento vem do meu trabalho como professora.
Como é sua rotina de trabalho com a escrita? Você estabelece metas para si mesma?
Não tenho uma rotina estabelecida, mas escrevo um pouco todos os dias. Quando quero concluir um livro, defino metas.
Que livro você considera importante nos dias atuais?
Qual a importância da leitura e da escrita para você?
A leitura e a escrita são fundamentais para quaisquer pessoas. Para mim, tem me levado a outros mundos, me proporcionado fazer inúmeras amizades. Gosto muito de viajar, me deslocar fisicamente, mas a leitura me permite viajar muito mais.
Como você percebeu que o seu destino era ser escritora?
Acho que no momento atual (rsrsrs). Estou convencida que nasci para ser escritora.
Qual é sua escritora favorita?
Cecília Meireles
Qual o livro teve mais impacto em sua vida?
Tantos livros me impactaram, que teria uma lista enorme. O primeiro que me impactou, li ainda criança, foi As aventuras de Tibicuera, de Érico Veríssimo. Depois, já na universidade, um livro que considero o melhor da literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. A hora da estrela, de Clarice Lispector. O sumiço da santa, de Jorge Amado. As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. São livros que me causaram impressões fantásticas.
O que você diria para uma futura escritora?
Sempre digo que escreva e leia muito. Deixar fluir e ir dosando, temperando a escrita. Descobrir-se e seguir.
* Rita Queiroz. Natural de Salvador – BA. Pós-doutorado em Estudo de Linguagens (UNEB), doutorado em Filologia e Língua Portuguesa (USP), mestrado e graduação em Letras (UFBA). Professora universitária com diversos livros, artigos e capítulos de livros publicados nas áreas de Filologia e Lexicologia. Autora de 5 livros de poemas para o público adulto e 5 livros para o público infantojuvenil; organizadora de 9 coletâneas. Participação em mais de 100 antologias/coletâneas. Publicações em revistas literárias no Brasil e no exterior. Integra os seguintes coletivos: Confraria Poética Feminina, Mulherio das Letras, Confraria Ciranda Poetrix e Coletivo de autoras de literatura infantojuvenil da Bahia; além de fazer parte das seguintes academias: Academia Virtual de Arte Literária (AVAL), Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB), Academia Internacional Mulheres das Letras (AIML), Academia de Artes e Letras Internacional da Baixada Fluminense e Brasil (AALIBB), Academia Internacional de Letras e Artes Poetas além do Tempo (AILAP) e Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil (ACILBRAS). Embaixadora do Ser Mulher Projecto Solidário (Portugal). Comendadora das Artes e Negócios do Brasil (AIML). Embaixadora Internacional da Paz (World Literary Forum for Peace and Human Rights).