Quatro poemas de Adir Pacheco
Adir Pacheco nasceu em Lauro Müller, SC, em 1952. É militar da reserva do Exército, músico, poeta, contista e cronista. É graduando em história e filosofia pela CESUMAR. Foi condecorado com a medalha militar de honra ao Mérito (A Castanheira) por relevantes serviços prestados na Amazônia durante dois anos e meio, de 1996 a 1999. Homenageado com o título de Dr. Honoris Causa em Literatura, pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos – março 2019 – Rio de Janeiro- RJ. Recebeu a Comenda da paz Nelson Mandela no grau de Comendador pelo CONINTER ARTES – 31 de maio 2019 – IHGB – Rio de Janeiro – RJ. Membro fundador da “Academia Catarinense de Letras e Artes” (ACLA). Membro da Academia de Letras e Artes de Florianópolis (ADLA). Membro do “Grupo de Poetas Livres” (GPL) de Florianópolis. Livros publicados: Voando com as Águias, Infinito Contido, Além do Espelho, Fragmentos d’Alma, Enigmas do Silêncio, Versos Peregrinos, Conselhos da Noite. Fanpage: http://www.facebook.com/kazadopoeta
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Lágrimas
Uma lágrima
na emoção que toca.
Lágrimas que a fonte
do coração derrama.
Lágrimas nos olhos
de quem odeia e ama.
Lágrimas da fome
que o corpo clama.
Chora o andarilho
a lágrima que não molha.
É a lágrima recolhida
que no peito chora,
pois a lágrima mais doída
é a da fome que corrói a vida.
São lágrimas da terra
do espírito que erra.
Lágrimas que se consomem
no infortúnio anônimo,
retirantes de uma vida,
mendigando a soluçar
no silêncio sem nome.
*
Jornada
…E vergarás os ombros
sobre a terra ultrajada.
Olhos obscurecidos
ante a caminhada
que lenta,
desenha a sombra
das últimas jornadas
no adeus da vitalidade.
Aopó os sonhos,
aopó a carne,
aopó a vaidade.
Era desejável toda ironia,
onde vozes enclausuradas
na récita do gosto amargo
da velhice árdua,
encontra a própria realidade
que o corpo descobre.
Em silencioso lamento,
Apenas chora.
*
Ébrias Reflexões
Quero beber das estrelas,
na boêmia noite
que me suga.
Quero beber do adeus,
no abandono dos olhos
que se fecham.
Beber da luz,
na alma poética da noite
a inebriar-me o espírito,
no incógnito domínio
de uma imagem.
No enigma das palavras,
das frases inacabadas
quero beber.
Dos versos pronunciados,
confidenciados no silêncio
… que és minha amada.
*
Partida
Colore a derradeira amarra
das sombras do coração.
Deixa-me partir no silêncio
da alva plenitude.
Que minha ausência
estenda sobre o teu deserto,
o sol que fui e sou
no sopro do acaso
a florescer entre os mitos.
E nossos gestos dentro da noite
não se apaguem
na memória das sombras.
Então minha partida
será triunfal,
no canto das renúncias
dominando o meu destino.