Seis poemas de Beatriz Marques
Beatriz Marques é cearense, atualmente estudante de direito. Escreve pelo amor às letras. Foi finalista do prêmio Off Flip em 2019 e publica pequenos ensaios no https://medium.com/@beamarques e no instagram @elafalante.
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Caminho
Quem dera
De neandertal
À nova era
Só florescimento
Mas flores
Entre o cimento
São a opção
Caminho de pedras
Para os que pedras são
Até virarem luz.
*
Monólogos concomitantes
Admito que senti raiva
Ao ver a facilidade
Dos discursos sem piedade
Chocantes, puro tormento
Quis me vingar, admito ainda
Fosse o escorregar distraído
Cada qual por seu partido
A briga seria bem-vinda
Admito que senti raiva
Ao ver a fragilidade
Dos nossos egos centrados
Discursos ensimesmados.
*
Sei não sei
Quem se feriu com feras
Viu feras onde caminhou
Onde há fumaça
Pode haver muita fumaça
Sei tanto quanto
Onde termina o céu
E onde começa o mar
Num dia nublado
Para o bom entendedor
Nem dicionário basta
Porque cada macaco
Está mesmo no seu galho
*
Comentários
À cascata
Com as pedras
Ora cascalhos
No íngreme
Seguem as feras
Feridas sedentas
Que correm com a enxurrada
Quando podiam encontrar a fonte.
*
Repito
Sabe aquela palavra
Que está na boca do povo
Aquele verbo pluriconjugado
Como se tivesse significado
Autônomo e sem fundo
Sabe o que diz meio mundo
Pra preencher qualquer discurso
Aquele curinga, o super trunfo
Sabe aquela palavra
Estampada no cartaz
Sabe? Tanto faz
*
Escape
O que há, meu bem
Nas laterais do trilho
desse trem?
Que não segues caminho
Buscando pelos lados
Trajetos de espinho
Para despedaçado
Viver sem um rumo
Juntar-se ao supérfluo
Morrer sem ninguém.