Seis poemas de Caio Augusto Ribeiro
Caio Augusto Ribeiro tem 21 anos e cursa Ciências Sociais pela UFMT. Trabalha com teatro, cinema, literatura e performance. É autor dos livros de poesia Porão da Alma (Clube de Autores), Colecionador de Tempestades (Carlini&Caniato) e do ainda inédito Manifesto da Manifesta (Carlini&Caniato). Dirigiu o curta-metragem Réquiem Para Flores. É fundador do Teatro Laboratório Experimental e foi membro do coletivo Spectrolab.
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3 estrofes de um vagabundo
querer o amanhã
é um desejo tão velho
o sol de manhã
é um remédio tão sério
narciso de verdade
não precisa de espelho
nem conselho
pra compor o seu evangelho
*
Cântico sem Canto
Expulsos da terra estavam à procura de trabalho,
mulher e homem
expulsos da terra e
agora sem cantos
sem língua
restando apenas a última fé
na figura do santo
que ficou distante
na terra agora sem eles.
*
[…]
desde que você se foi
eu acho que eu me fui também
estranho a falta de nós dois
o tempo fica pra depois
eu olho teu rosto
que louco
não vejo ninguém
eu já me destruí nove vezes antes de
você chegar aqui
eu já me construí
mais de um tempo
mais de um momento
eu já fui e já parti
moldei três mundo e pus fim a
três meses de ditadura
antes mesmo de você
me dizer o que era
que queria dizer
quando chegasse
pra eu te ver
já dobrei dois oceanos no braço
e traguei todas as nuvens do céu
pensando
tudo na urgência
do agora
antes
de
você
che
ga
r
já consultei meus guias
meu incenso
tudo
antes
de
você
falar
*
MANIFESTO SUBMERSO
Atlântida
profunda, secreta
inunda
sou eu
(do livro “Manifesto da Manifesta”).
*
MANIFESTO DO OLHO:
Um olhar é sempre
um toque.
quando me vejo refletido no teu olho
corpos se tocam
sem colidir.
(do livro “Manifesto da Manifesta”).
*
MANIFESTO DA DISSIMULAÇÃO:
sou o que sinto
e com isso
minto
sobre o que sou
(do livro “Manifesto da Manifesta”).