Seis poemas de Pedro de Sá
Pedro de Sá é recifense, sociólogo e poeta. Morador de São Paulo por adoção e amor, realiza projetos sobre abandono no passado, presente e futuro.
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Pintas no pé
Pintassilgos na tua planta
no teu pé
que enrijece em minha boca:
tua terra molhada
em meus lábios/
minha lavoura
nos teus.
*
Pimentões
Jogados na terra
preta com húmus
renascem vermelhos
nos dedos de moça
doces como em Oslo.
*
Aliança
O que surgiu no meu dedo
anelando na areia
como se estivesse no mar
nos unindo como cedro:
acaiaca.
*
Quando tu chega em mim
Aparece no corredor
com olhos de baixo
pra cima
me faz perder esses
fazendo de pinheiros
jaqueira
sotaque de menino
que avoluma
em mim.
*
anunciação
açucena maré
que desce a 13
de maio
em pratas patas
regojizo maiô
que desenlaço
numa tarde
de sol
de fevereiro
ao seu pé.
*
Nosso mapa
(para as cartografias não realizadas de Ana Martins Marques)
saturno começo
que enlaço
em min’rua
[globo oco bobo
pontos convergem
em teu braço
que traço um riso
em meia lua.
fronteiras divergem
num favo de mel
que boto em
min’boca
que adoça a cama
temendo
o retorno.
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