Três poemas de Alan Cardoso da Silva
Alan Cardoso da Silva, nascido em Belford-Roxo em 1998, é graduando em Letras-Literaturas pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde dá seguimento à monografia acerca da tradução de poemas de Samuel Beckett. Seu livro de estreia, intitulado Aught e que será publicado pela Editora Trevo, tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2020.
***
Maria da Escócia
Dizem que Maria Stuart tinha longos bigodes sobre o lábio
e uma mão suspeitosamente hábil para o bordado porém
não dizem que do seu lado mantinha – além dos scots católicos
apostólicos romanos – um skye terrier de 45 pounds que não latia
Deus salve a rainha! Deus salve a rainha!
*
São 20:30 – fragmento
São 20:30
Estou num ônibus e
volto pra casa.
Passam as luzes e
acaso estou
sozinho e longe do lar
Uma versão de mim não volta ainda e
está onde eu deveria estar
Outra versão
de mim sequer deixou o útero
de minha mãe. Dizem os estudiosos
A que pulou do penhasco
era um homônimo de Safo
*
O enjabement está em alta
Todo primeiro verso de um poema é um statement
político mas eu tenho completa aversão
à política que me é imposta
O enjabement está em alta fica
tudo meio beckettiano
Hoje meço a qualidade de um poema
pela quantidade de frases de sintaxe
ilegível que consigo encontrar
Rimas já não fazem mais sentido
nem frases que terminam junto ao verso
Todo último verso de um poema deve ser um anti
statement político
Meu statement político é prosperar neste mundo
Pingback: Pequena Antologia da Pandemia – por Alan Cardoso da Silva