Três poemas de Regina Vilarinhos
Regina Vilarinhos é escritora, mora em Volta Redonda/RJ. Escreve desde os 16 anos, licenciada em Letras, pelo UGB/Volta Redonda. Membro da Academia Voltarredondense de Letras. Coordenou o Projeto Poesia em Volta, com saraus, oficinas poéticas. Publica no blog www.reginavilarinhos.blogspot.com. Atualmente, apresenta o Revolta com a Poesia, Festival de Artes e Poesia, no Teatro GACEMSS II, em Volta Redonda.
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Sobras
Guardar o sangue e limpar as bordas dos dedos
sobre o papel em branco.
Deixar o verso sujo, calar a poesia com lágrima.
Nada dói mais do que acostumar-se com a perda.
Sem perguntas mais, sem ferir mais.
Nos olhos, a rotina e um enorme cotidiano
pela frente.
Dia sim e outro anão.
A insônia.
O calor.
A única fresta aberta.
Porque uma vez só faltaram as palavras e, desde então,
sobrou isso tudo.
*
Pitada
De farinha,
na galinha,
na vizinha.
De azeite,
no leite,
no enfeite.
Na fruta,
na truta,
na luta.
No bolo,
na bala,
na fala.
De calor,
de flor,
de amor.
No feijão,
no pão,
no coração.
No café,
no cafuné,
no pé.
Num é?
*
Luxus
Tem uma mesa posta,
comidas e doces
feitos para o mais fino
paladar.
Tem uma toalha de linho
de bordados finos
na mesa,
sem manchar.
Tem uma taça de vinho
Bordeuax
risos
e
caviar.
Tem um dente
de ouro
sorrindo,
no espaldar.
Tem mordomo
servindo,
prestes a
desmaiar.