Um poema de Bruno Brum
Bruno Brum nasceu em Belo Horizonte, em 1981. É poeta e designer gráfico. Publicou os livros Mínima ideia (2004), Cada (2007), Mastodontes na sala de espera (2011, vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Poesia, em 2010) e Tudo pronto para o fim do mundo (2019). Tem trabalhos publicados em periódicos e antologias no México, na Argentina, no Peru, no Paraguai, na Espanha e nos EUA. Em 2018, a Antônima Cia de Dança apresentou em São Paulo o espetáculo Isso ainda não nos leva a nada, inspirado no livro Mastodontes na sala de espera. Vive em São Paulo desde 2012
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Bruno Brum em ritmo de aventura
(Cronologia de vida e obra)
No Oriente, às vezes os poetas são presos – uma espécie de elogio, já que sugere que o autor fez algo tão real quanto um roubo, um estupro ou uma revolução.
Hakim Bey
1981 – Nasce, em meio a forte nevasca, na madrugada do dia 13 de janeiro, em Belo Horizonte. Intelectuais e jornalistas promovem um ciclo de debates saudando a chegada do jovem poeta.
1983 – Já demonstrando expressivo talento para a retórica e a oratória, destaca-se no torneio interno de tênis de mesa do liceu onde concluiu o curso primário. É condecorado com a medalha de honra ao mérito oferecida pela Associação Filatélica de Minas Gerais.
Bar do Ponto, na esquina da rua da Bahia com a avenida Afonso Pena: um dos mais frequentes refúgios do poeta.
1984 – Decide abandonar a casa dos pais e instalar seu ateliê na rua da Bahia, região central da capital mineira, reduto de artistas, boêmios e prostitutas.
Posando em seu ateliê. Circa 1984.
1985 – Passa a colaborar regularmente com jornais e revistas de todo o Brasil. Inicia a correspondência com Torquato Neto, manifestando-lhe sua admiração.
1986 – Começa a frequentar a roda literária do Café Estrela, que se reúne em volta de Edgard Braga, Mário Reis e Mário Faustino.
1987 – Em jantar oferecido em sua residência a Abgar Renault, Emílio Moura, Waly Salomão e Augusto Frederico Schmidt, lê, em primeira mão, seu primeiro poema em prosa.
1988 – Os irmãos Tapajoz musicam e gravam o poema Vai que eu vou.
1989 – Presta concurso para a Reserva de Oficiais da Marinha Brasileira, classificando-se na primeira colocação. Paul Valéry publica um epigrama na revista Le Parnasse Contemporain, notificando o fato. No prefácio ao poema, escreve: “…et l’infini terrible effara ton oeil bleu”.
1990 – Lê Tintoretto, Giambologna e Parmigianino. Anos de meditação sobre a técnica do verso.
1991 – Bacharela-se e viaja para a Ásia Central. Falece Gustavo Capanema.
1992 – Publica sua primeira Antologia Poética, com poemas e manifestos escritos entre 1982 e 1992. O livro é sucesso de crítica e de público, esgotando a primeira edição em pouco mais de 15 dias. “Caramba!”, exclama o autor.
O poeta com seus companheiros dos tempos da Marinha.
1993 – Ano apontado por diversos especialistas como o despertar da consciência mística e artística do poeta. Contrai laços matrimoniais em cerimônia reservada para parentes e amigos próximos.
1994 – Compõe no Alabama uma série de canções de câmara com o maestro Carlos Gonzaga. Declina do Troféu Juca Pato.
1997 – Embarca para a Europa no mês de setembro. Em Paris, aprofunda o contato com Eilert Pilarm, iniciado dois anos antes, e conhece outros músicos de vanguarda.
A passagem pelo Alabama rendeu, além das aventuras, inúmeras parcerias musicais.
2000 – Obtém a primeira colocação no concurso de versos latinos sobre o tema Quae tibi, quae tali reddam pro carmine dona?
2002 – Publica o ensaio Conselhos aos jovens literatos, motivo de muitas críticas e polêmicas no meio artístico. Pierre Reverdy o acusa de plagiário e falsificador.
2005 – Levando suas experiências poéticas às últimas consequências, considera esgotado esse caminho e passa a estudar os fundamentos da pirotecnia.
Posando entre os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, durante evento na capital paulista. Foto originalmente publicada na revista O Cruzeiro.
2007 – Inicia seu debate sobre cinema silencioso e cinema sonoro, a favor do primeiro, com Mário Peixoto, e em seguida com a maioria dos artistas brasileiros mais em voga, e dos quais participam Mário Pedrosa e madame Falconetti.
2008 – Responde a inquérito em que é acusado de subversão. Em sequência, é preso embriagado em uma casa de jogos e retoma a atividade literária.
Bruno Brum, três dias antes de seu desaparecimento: recostado numa poltrona, olha estoicamente para o nada.
2010 – É visto desacompanhado em um show do cantor Alexander Lenard e desaparece em seguida[1], praticamente ignorado pelo grande público brasileiro, mas rodeado de verdadeiro halo místico aos olhos de milhares de europeus e pranteado por seus amigos pelo mundo afora.
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[1] Essa informação seria desmentida poucos meses depois, em um blogue literário: http://saborgraxa.wordpress.com/sumico- -nao-passou-de-um-susto/. Acesso em 06/11/2010.
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(Fotografia do autor: Tatiana Perdigão)
pedro
muito bom. engraçado e triste. as fotos ajudam também. por sinal, Alguém saberia dizer quem é aquele senhor na última imagem? onde consigo ver a imagem original?