Um poema de Rique Ferrári
Rique Ferrári, 36 anos, nasceu em Bento Gonçalves – RS.
Reside em Porto Alegre e peregrina pelos hemisférios a fim de aprofundar os estudos socioculturais de civilizações antigas e contemporâneas.
Ferrári também é produtor de vinho e colecionador de antiguidades, muitas delas encontradas nas andanças pelo mundo.
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Os mimos
pelos colégios, apenas o cálculo simples:
– fulaninho tinha sete laranjas, deu duas, quantas sobraram? –
e os infantos não sabem
o que a matemática e a decência assombram:
para cada metro quadrado construído
cinco metros quadrados destruídos
árvore é vida!
é?
muito além das aulas: a problemática das linguagens
de que árvores são arquétipos de madeira
do móvel, da bancada, do revestimento,
do lápis que traz a ideia da cor verde
para em punho a criança pintar o chanel das plantas
dando-lhes vida
vida?
ruína!
a história que segue num reino nem tão distante:
– é fundamental rezar!
diz o lenhador ao calar outro nó secular
e desabam as raízes de um paraíso que já esteve aqui
a quem rezam? a eles mesmos
se tivessem um segundo coração, este lhes seria um estrangeiro
quanto aos indígenas que não souberam do acordo
o sangue derramado foi nomeado sangue de boi
e agora, como se não bastasse o desmate,
o pasto alastra a catástrofe sobre suas terras
e lhes chegam novos mimos químicos
rhodiatox
mirex
nortox
agora
ox campox
extão maix verdex.