8ª Mostra CineCaos: “Amor By Night” (2022) – Por Antonio Cuyabano Jr.
Amor By Night. Direção: Henrique Arruda. País de Origem: Brasil, 2022.
Ao encarar uma ambientação bem própria dos anos 1980, observamos a vida bem disco e intimista da protagonista Sharlene Amor Valente. Adentramos em seu recanto mais precioso, com iluminações ousadas e um charme empolgante do momento dance. Ainda assim, a protagonista possui um conflito pessoal, algo ardente que a chama para sair daquele espaço. Entretanto, seus medos e inseguranças a prendem cada vez mais em seus pensamentos, afastando-a não apenas de si mesma, como também de seus amigos intergalácticos.
A rádio intergaláctica, personagem que interage principalmente com Sharlene, representa na narrativa o que viria ser do mundo lá fora. Acompanhamos a narrativa pelas fitas que são entregues a personagem, pois Sharlene se encontra aprisionada dentro de sua cápsula. A partir das mensagens que captamos por meio das fitas, conseguimos compreender como o mundo lá fora chama Sharlene, mas a protagonista se acomoda entre os seus globos luminosos e taças de bebida únicas. Nesse sentido, o curta busca retomar todo interno de alguém que vive sob suas inseguranças, pois pouco entendemos sobre o mundo lá fora. O medo da protagonista é tão presente, que a omissão de informações sobre o agora não é apresentada. Ainda assim, vemos Sharlene em sua luta interna para sair da cápsula. Entre planos em que exalta a solidão da protagonista, é possível observar o sufocamento de si mesmo dentro de um espaço tão limitado. Sharlene agarra as suas inseguranças ainda que as fitas diminuam sua intensidade, e as pessoas que ali interagiam, desaparecem.
Em meio a solidão, há um momento de reflexão por parte da protagonista, que enfrenta seus medos a fim de se libertar daquela prisão. O vocal que era representado de forma sufocante por Sharlene em seus momentos de enfrentamento, ganha força. Dessa maneira, Amor By Night busca compreender todo desafio diário de poder expressar quem é você mesmo, ou ainda se impor como si mesmo. A insegurança perde margem para um rio que alaga expressões e emoções. Sharlene vai atrás de seus amigos e procura mostrar ao universo quem realmente é.
O curta, como já mencionado, busca de maneira bem-humorada trabalhar com toda a temática dos anos 1980. Desde a iluminação descolada, preenchida pela própria vestimenta elegante da protagonista, conseguimos compreender como é divertido o mundo que criamos dentro de nós mesmos. A imaginação assim como a criatividade preenchem todos os medos e inseguranças. Nos tornamos mais únicos e tão logo descobrimos quem realmente somos.
* Texto escrito a partir da programação da 8ª Mostra CineCaos (Cuiabá-MT), exibida online e gratuitamente no serviço de streaming brasileiro Darkflix no período de 01 a 10 de maio de 2023.
** Antonio Cuyabano Jr. Cuyabano apenas no nome, natural de Caçapava. Formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal de Mato Grosso. Escritor e realizador cinematográfico.