8ª Mostra CineCaos: “Carlos Montaña” (2022) – Por Pollyana Rodrigues
Carlos Montaña. Direção: Itati Romero. País de Origem: Argentina, 2022.
Somos todos Carlos Montanã, é a primeira coisa que vem à cabeça. Não pela perseguição sofrida pelo personagem que dá título à história, nem pela decisão drástica que deve tomar em seus esforços para preservar a vida, mas como a sua posição diante dos percalços que lidam durante sua fuga, e nos obriga a pensar no ressurgimento atual de ideologias cada vez mais extremas e nos velhos demônios do autoritarismo. Uma mensagem incrivelmente poderosa, nos apresenta um homem cuja existência aparentemente pacífica termina quando ele deve escapar da feroz perseguição de um grupo militar. Não sabemos nada sobre ele ou seu passado, tornando incerto os motivos da caçada.
A ausência de diálogos é completamente substituída pelo som, e essas manifestações sonoras acrescentam desespero ao personagem, como os passos apressados e os suspiros de quem foge correndo, ou o medo psicológico decorrente de um motor cuja chegada prenuncia a captura seguida de um destino incerto. Mas também há o som da esperança no vento e o chilrear dos pássaros. Porém há uma beleza nos opostos, que também são apreciados no personagem simbólico, como os homens/monstros perturbadores que perseguem o personagem central e que representam o lado mais sombrio da existência humana. Esses confrontos atingem seu ponto ápice no final, junto da ironia de uma civilização selvagem que leva à morte e um estado natural em que um abraço representa a vida. Um final tão forte quanto amargo, numa mistura perfeita de alívio.
* Texto escrito a partir da programação da 8ª Mostra CineCaos (Cuiabá-MT), exibida online e gratuitamente no serviço de streaming brasileiro Darkflix no período de 01 a 10 de maio de 2023.
** Pollyana Rodrigues. Graduanda do 6º semestre do curso de Cinema e Audiovisual com conhecimentos em Rádio e TV pela Universidade Federal de Mato Grosso. Em 2019 foi responsável pelo roteiro, produção e direção do curta-metragem universitário GOTA D’ÁGUA, selecionado na MAUAL de 2019 e na 27ª Exposição de Pesquisa e Produção Experimental em Comunicação – Região Centro-Oeste. Participou como continuísta no curta ‘A velhice ilumina o vento’ de Juliana Segóvia e produzido pelo Aquilombamento Audiovisual Quariterê. Responsável pelo roteiro “Rock (R)Existe” selecionado e premiado na 26ª Exposição de Pesquisa e Produção Experimental em Comunicação -Região Centro-Oeste, na categoria Roteiro de Não-Ficção. Dentro da comunidade acadêmica foi colaboradora na Coordenação de Comunicação do Diretório da Comunicação Social em 2019, Representante discente do curso de Radialismo dentro do Colegiado e membro do projeto de extensão Comunicast e ComunicArte no mesmo ano. Fez parte da equipe de Marketing da Gestão 2018/2019 da Associação Atlética Acadêmica de Comunicação e Artes da UFMT, e Diretora de Bateria Universitária da gestão 2019/2020. Participou na produção e realização do
UFMTalentos, Show de Talentos realizado no Auditório do Centro Cultural da UFMT, em Maio de 2019. Em 2020 mediou sessões de entrevista que compõem a série de lives do Programa Conexão RANEMA: programa de extensão dos cursos de Radialismo e Cinema e Audiovisual para o período de pandemia. Teve o roteiro de ficção “E Agora, José” selecionado para MARTE LAB MAUAL 2020, com Henrique Arruda como mentor.
Em 2021, atuou como Assistente de Direção no curta “Aqui Jaz a Melodia” de Wuldson Marcelo e Juliana Segóvia e posteriormente como 2ª Assistente de Câmera do curta “Deize”, de Luísa Lamar e Juliana Segóvia. Em 2023 atuou como Continuísta, Still e 3ª Assistente de Direção no curta “Escola de Bonecas” de André D’Lucca, Wesley Rodrigues e Luísa Lamar.