Cinco poemas de Eliete Borges
Eliete Borges. Graduada (2004), mestre (2011) e doutora (2016) em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Pós Doutoramento pelo Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Possui três livros publicados: Scarlet e o Branco (Editora Multifoco: RJ), Nem Pés e Mil Cabeças (Edição da Autora) e Passo Meu Ex-passo (Editora Carlini & Caniato).
Produtora de teatro e dança contemporânea, cinema e audiovisual
Responsável pela mostra CineCaos.
Os poemas abaixo integram o recém-lançado Passo Meu Ex-passo.
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VENDO VAGAR OS VAGALUMES
com seus lumes, luzes,
no lusco-fusco de um entardecer,
envelhecer a paisagem,
não recordo nada, nem projeto projetos
nem penso o agora sentada na calçada
vendo as luzes amarelas dos postes se acenderem
dando esquecimento a este momento em que
só sozinha estou
e só me encontro, no centro tempo deste meu não perguntar e nem querer saber do nada
do que envolve o mundo neste já tão
completo fim.
*
VIVI PRA ACHAR QUE
como muito fiz
no fim tudo deu certo e sim,
Eu fui feliz!
Contrária à corrente da sorte me lançaram
e o meu sucesso
era nadar
não quis que o preenchessem o “acaso”
que era morrer
e isto, ser a vida.
*
A CADÊNCIA DO TEMPO É UMA SÓ
não pense meu coraçãozinho que
teu fundamento
o comoverá
Este, que é quartzo, calculista!
Faz do calendário
seu movimento.
*
CADA PASSO DADO NESTA APARENTE CAMINHADA
me levava cada vez mais ao raso
raso rasgo que eu fazia
imaginando caminhar
quando em meio ao nada
Eu caía
– Contudo, se caio ignoro
Sigo um fio conseguinte ao acaso de não se ter o que seguir
Hoje o coração – razão – tudo, enfim…
Parece demasiado afastado, bloqueado.
Intenciono não desesperar-me.
*
CADA SEGUNDO VÃO
que o vão consome
vou,
nesta busca em busca vou
do vão por que me passo
Como cada segundo preenche o nada
eu busco algo
no enchimento de um balão
tal qual numa festa encho o salão