Cinco poemas de Hunter
Hunter é uma escritora de livros dark, apaixonada por histórias distópicas e longe da realidade, mas que ainda assim, trazem um pouco de reflexão sobre nós mesmos. Em 2021 tomou coragem para publicar seus escritos, e no mesmo ano começou a publicar na Amazon uma série de contos futuristas denominada CyberFlix, começando pelo Colmeia. Em 2022 começa o ano com seu primeiro livro físico; Rompendo Akai Itos que está em pré venda até fim de maio e por sua vez, um projeto de poesias no instagram; @akai.itos
Pré-venda de Rompendo Akai itos (Link).
Siga nas redes:
Twitter: hunterlivros
Instagram: hunterlivros
Email: hunterlivros@gmail.com
***
uma, duas, três,
quantas vezes mais forem necessárias.
Não me deixe falando sozinha, indo pra terapia, para entender o que se passa.
Você jurou que se curaria também.
Só eu que ergo minha espada e vou pra batalha, Ogunssy,
não entende a contradição?
Você me abandona no meio do nada, amor não basta.
Amar não basta.
Amar é escolher e batalhar pela mesma pessoa todos os dias, eu lutei por dois.
Tô cansada.
Você só empunhava sua espada quando tinha medo de me perder.
Você me magoava. E guerreava,
então porque me machucava? Porque mentia?
Quer o passado de volta?
Eu quero alguém que me escolha todos os dias,
todas as horas e segundos.
Eu quero que canhões explodam,
guerras comecem,
chamas se acendam
e no fundo,
quero que você me ame de novo.
Rompendo akai itos, página 12, poesia um.
*
A sala se enche de silêncio quando você me pergunta sobre o trabalho novo.
Água salgada escorre do meu rosto.
— Achei que você gostasse de lá.
O barulho do seu isqueiro ressoa.
Como vou te contar isso?
— Gostei.
— Então porque está chorando?
Vejo pela tela e a fumaça espessa do seu cigarro beija o celular.
— Pelo o que aconteceu.
— Entre nós dois?
— Entre ele e eu.
E de repente, tudo volta.
Braços presos uns nos outros, álcool demais pra negar, ingênua demais por ter confiado, beijos tentando ser roubados, ele tentando me convencer, seu corpo se aproxima, a sala é escura.
Não tem câmeras. Crime perfeito.
É agora que vão me roubar de mim, de novo.
Não parava de rir de nervoso. Mas ainda assim queria chorar.
Ele parece com meu pai.
Meu Deus.
É agora.
Telefone toca. Patrão mandando a gente ir embora. Escapei.
E eu te conto.
— Por que não contou pra ninguém?
— Eu ia contar. No dia que você me deixou plantada na praia.
— Desculpa.
— Deixa pra lá.
— Eu devia estar lá.
— Mas não esteve. Que nem meu ex que marcava pra me ver e dizia que não tinha obrigação de ir.
— Eu não disse isso.
— Eu sei. Mas só quis ter ido porque te contei isso agora.
Silêncio.
Você sente pena, não amor, carinho, arrependimento porque queria realmente ter me visto.
Sente pena, porque devia estar ali e não quis estar.
Porque não foi me ver achando que eu só era uma ex querendo voltar.
Quando na verdade, eu era sua amiga, precisando conversar.
— Ele não vai ficar impune.
— Amor, já se passaram meses. Ele já está…
Fim da ligação.
A nossa e a do celular.
quero que você me ame de novo.
Rompendo akai itos, página 16, poesia dois.
*
Você disse que meu descontrole lembra a minha mãe,
mas antes ter um gene mais temperamental,
do que puxar seu abandono parental.
Rompendo akai itos, página 72, poesia trinta e sete.
*
Você vai amá-lo mais uma vez, antes de partir.
Vai perdoá-lo várias vezes,
vai cair no mesmo ciclo e rodar de novo de novo e de novo,
Vai pensar que está rodopiando em um grande salão,
sem ver que está sendo engolida pra dentro de um furacão.
Você vai se deixar crer que o amor existe e pessoas mudam,
e ele vai mudar mais uma vez antes de você partir.
Mas vai retornar a ser babaca em um estalar de dedos, porque ele nunca mudou.
Porque ele só falou coisas bonitas que você gosta de ouvir.
Mas a boa notícia, é que um belo dia você acorda.
Metaforicamente, no caso,
você tem um estalo,
se levanta da mesa e diz:
“desse jeito,
não é pra mim”
e finalmente parte.
*
Olhamos a lua cheia,
entre as árvores.
a droga começou a deixar minha fala lenta,
mas ainda assim,
existia verdade,
ainda que longe da sobriedade.
Olha como está linda nossa cidade.
você senta ao meu lado,
e você ouve como quem quer impedir que a outra pessoa se mate.
E eu digo;
—Acho que nunca mais voltaremos.
e de repente,
ouço o papel da nossa história sendo amassado pelos meus dedos e jogado no lixo.
—Por que isso?
então, como uma bela de uma covarde, aponto seus defeitos,
pra esconder o maior dos motivos,
eu estou deixando de querer.
e te deixo ir,
pra longe de nós,
mas ainda assim perto de mim.