Cinco poemas de Júlio Tauil
O minurco (junção das palavras mineiro e turco) Júlio Tauil (1986), nasceu na cidade de Guaxupé, sudoeste de Minas Gerais. Na pré-adolescência passou a rabiscar ingenuamente letras de músicas a partir da forte influência das letras de Cazuza e Jim Morrison, aos 13 anos era vocalista de banda estilo “fundo de garagem”, os Assírios nunca fizeram sequer um show, mas compunham músicas originais. Em 2007 formou-se em licenciatura plena em História, em 2010 concluiu especialização em História, Sociedade e Cultura na Contemporaneidade, as duas formações ocorreram no Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé (Unifeg). De 2008 a 2013 lecionou em algumas cidades do interior de Minas Gerais e São Paulo (Guaxupé/MG, Monte Santo/MG, Caconde/SP e Guaranésia/MG) em todas as séries da Educação Básica II, tanto na rede privada, como na pública. Em 2018 graduou-se em Biblioteconomia e Ciência da Informação e obteve o título de mestrado em Ciência da Informação (ambas titulações foram conquistadas na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar de São Carlos/SP). Em 2017 foi curador da exposição “Um bom sujeito: a coleção Luís Martins”, realizada na Biblioteca Comunitária da UFSCar. Em julho 2019, no livro de poesias publicado pela editora Palavra é Arte, contribuiu com doze poemas da 57ª edição. Há menos de um mês foi agraciado com o segundo lugar (categoria adulto local) no 35º Concurso de Poesias da Biblioteca Municipal “João XXIII”, realizado pela Secretaria de Cultura de Mogi Guaçu/SP. Há menos de duas semanas foi demitido de seu cargo de bibliotecário numa instituição particular de ensino superior na cidade de Mogi Guaçu, em razão da forte terceirização que está ocorrendo na categoria. Agora não sabe se investe num intercâmbio ou num doutorado, a única certeza reside no lançamento de seu futuro livro de poesias: Fragmentos de uma boa onda.
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DOIS D JULHO
Psicodelícia
Diagrama
Grama em dia
Gramado
Grão amado
Rompimento
Ruptura
Cannabilidinar o proibido
Achincalhar o chinfrim
Criação libertária
Cosmogonia de mim
Estado marginal,
nova Tropicália
*
FRANGO
Ovacionado
Egg trip!
Aclamado
Cozido
Fritado
Mexido
Batido
Desmoralizado
Vaiado
Esquecido
Chocado
Nascido
Ego!
Morrido
Assado
Almoçado no domingo em família.
*
VIDA
Me encaro bem no centro da retina
Vaidade.
Riso, fome, imortalidade fina
Vai, idade!
Transe em terra
Enterra estranha,
o estado febril das palavras,
o impulso desenfreado da ansiedade,
o último pulo do pulso que já não pulsa
Sufrágio do tempo
Pedágio da galáxia
Tragédia universal
*
BATUQUE DE TODOS OS SANTOS
O alimento da alma muda com a luta
Expressão profunda de acolhimento,
é ternura nua, desmedida
Nuances de empatia e união, gota d’água de gruta
Cristalina sinfonia coletiva
Dança maluca do esquecimento
Ilha dos meus sonhos, das prezas e rezas
Grão de areia da existência
Carrancas das amarguras
Ventos assoprando angústias, rabecão curando o tempo
A leveza dos teus cantos e tamancos,
levada no batuque de todos os santos
*
COMPANHEIRA INSPIRAÇÃO
Escrevo minhas linhas em seu corpo
Assopro meus versos no teu coração,
cafunés de estrofes, sílabas de libido
Serpenteio lirismo em sua boca
Nossa pele grudada vira poesia.