Do amor, quatro poemas de Júnia Paixão
Júnia Paixão é poeta, escritora, professora. Nasceu no Amapá, cresceu em Belo Horizonte e reside em Carmo da Mata/MG. Autora de 11 livros de poesia entre artesanais, e-books, infantis e tradicionais. Têm textos publicados em Antologias e Revistas Literárias. Organizadora da Flicar –Festa Literária de Carmo da Mata e do projeto Flicar Conversando. Coorganizadora do programa Rosas Literárias, que discute e divulga literatura de autoria feminina.
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Amantes telepáticos
Prometem manter o sentimento
leveza e delícia
Dos amores iniciantes.
cultivam afeto distante
com medo da realidade arranhar o sonho
companheiro das noites bem dormidas.
Prometem guardar na memória
cada afago sentido
na pele ou na alma
deslembrando subitamente
tristezas que a distância
impõe aos amantes telepáticos.
Alegria e o gozo
de dividirem o mesmo tempo e espaço
sustentam saudades imperativas
em grande parte do tempo,
daquilo que não se viveu
*
Guerra Santa
Amor
É chuva que lava a poeira das dores
bálsamo para amarguras instadas em valvas cardíacas.
É sol brando do amanhecer
luz trêmula sobre sôfrego caminhar.
É aceno do alto de uma montanha
imponente, sólida, indecifrável.
É pimenta ardente, sabor ferino
inebriante tal vinho e poesia.
É tarde esvaindo num dia indolor
paz e guerra santa.
*
Ausência
Abraço a ausência pra espantar a ansiedade da espera.
Ausência é saudade, saudade remete à presença.
Em qual infinito as paralelas se encontram?
A vida acontece à nossa revelia.
Boas e más notícias, alheias aos nossos anseios, passam diante de nós encenando o tempo.
Tempo real, triste e lúgubre. Tempo que independe de nós.
Me ocupo agora, nesse instante, pensando abscissas e (im)possibilidades.
Penso em nós, nesse tempo e na ausência.
Ausência de materialidade, corpos de vozes e palavras, gozo feito de mãos e imaginários.
Desejos no futuro do pretérito do indicativo.
*
Esperança
Maré cheia
deita sobre a areia
seu manto bordado
ao nascer do sol, ele caminha
respirando a maresia
à procura de recados engarrafados
ou cartas de amor
atravessando estações
ManoelQueirozAssis
O amor é sublime. Jamais confunda com “amores”…
#PoetaFantasma
Marco
Esses poemas estão publicados em qual ou quais livros da autora?