Dois poemas de Eriveth Teixeira
Eriveth Teixeira é lésbica, poeta, escritora, ativista, pedagoga e especialista em Educação Especial/Inclusiva pela UEMA. É fundadora e presidente da ONG Unidos Pelo Vale LGBT (UPV LGBT). É Membra e Pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Sexualidade nas Práticas Educativas (GESEPE/UFMA). É responsável pela curadoria da 1ª e 2ª. Ed. da coletânea “PRÁXIS INCLUSIVA: reflexões sobre a inclusão escolar”.
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Coração em aflição
Por que as pessoas são assim?
Não me conhecem e zombam de mim.
Que mal fiz a essas pessoas?
Que tanto querem me deixar à toa.
Não sou uma perfeita mulher,
Sou um ser errante.
E procuro me consertar,
Com os conselhos que a vida me dar.
Tem pessoas que entram em minha vida,
Me maltratam, e se distanciam causando rejeição.
Não querem nem saber o que se passa na minha vida,
E no mais íntimo do meu coração.
Elas chegam e às vezes ofendem por querer.
Queria só saber o que fazer,
Para não me magoar assim,
Com essas ofensas para mim.
Estou mal e sem saber o que fazer.
Quero correr, não sei para onde.
Não sei para quem.
Estou no além, sem ter lugar, sem ter alguém.
Estou angustiada,
Fui magoada, fui esfaqueada.
Estou com a alma sangrando,
Com o coração chorando.
Quero colo, colo de quem?
Não sei! Não tenho amigos.
E no momento, nem mãe, nem irmã,
Nem conhecido.
Nada consegue descer.
Estou entalada, engasgada.
Tudo está me sufocando,
Tudo está me agoniando.
Encontro forças, não sei aonde.
Seguro uma lágrima,
Pois, se uma lágrima cair,
Todas vão querer sair.
Assim a armadura vai trancafiando,
Uma vida que teme a rejeição.
O medo supera a liberdade,
O preconceito silencia o coração em aflição.
*
Sem corpo e sem espírito
Estou presa no infinito,
Flutuando no ar.
Sem corpo e sem espírito,
Sem lugar para chegar.
O corpo também flutua no ar.
O espírito a pairar.
Percorrendo o passado e o presente,
Até uma resposta encontrar.
Se o espírito encontrar a resposta,
O tempo irá lhe premiar.
Dando-lhe um corpo,
Para juntos andar.
O corpo com o espírito,
Vão juntos andar.
No passado e no presente,
Até me encontrar.
Será que vão ser felizes,
Se me encontrarem?
Porque o corpo e o espírito,
Vão em mim encarnar.
Daí por diante,
Terei uma identidade.
Me chamarei Eriveth,
Uma mulher de verdade.
Adormecida por muito tempo,
Até o corpo e o espírito me encontrarem.
Tentarei fazer o melhor,
Para não decepcionar.
Essa ótima oportunidade,
Que acabou de chegar.
Não me contendo de felicidade irei:
Correr, cantar, sorrir e dançar.
E mostrar para todas as pessoas,
Que acabou de chegar.
Uma empoderada mulher,
Que é capaz de agradar.
A criança, adolescente, adulto, idoso,
A todos do lar.
Inclusive animais domésticos,
Graciosos de apreciar.
Com todo meu respeito,
Quero aqui terminar.
Esse fictício poema,
Que fui capaz de criar.
E compartilhar com todas as pessoas,
Que duvidaram de mim.
Que não sou inteligente,
Mas me esforço mesmo assim.