Dois poemas de Fabio Santiago
Fabio Santiago. (1973 -). Nascido em Maceió, reside em Curitiba, é formado em Comunicação Social – Publicidade/Propaganda. É jornalista e atuou até 2015. Criador do blog “Acre Infuso”, em 2004. Recebeu, em 2005, uma menção honrosa do, “Quepe do Comodoro”, premiação do diretor de cinema, Carlos Recheinbach. Em 2018, teve o poema, “Flores e Sombras na Dobra do Tempo”, publicado em uma Antologia Poética da Editora Chiado. Publicou o e-book, “Mar de Sombras”, em 2019, pela Amazon. Em 2020, estreou com o livro, “Intramuros”, pela Editora Penalux. Iniciou em 2021 uma coluna de Crônicas no site da Kotter Editorial. Neste mesmo ano, publicou o livro, “Versos Magros”, também pela Kotter Editorial. Em 2022, publica pela Editora OIA, “Cantos Temporais”, e a versão física do e-book, “Mar de Sombras”.
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Marejar de Nadas
Pulsam sobre escombros
pensamentos fugazes
Veneno escama
garganta abaixo
o abismo
Diga lá, Pó..éta
Por que vives neste frenético descarrilamento?
Marejar de nadas
A fome tem boca rachada
Alucinações ardentes
Estômago vazio
Maldição
Palavra louca na cuca
Parece zunir
Louvar o desterro
Cortar a carne do silêncio
Todo verso é vício
Diga lá caro, pó…êta!
Se a chama sucumbe o vocábulo?
Se a lava derrete a expressão?
Entrar na corrente sanguínea do texto
Navegar em sangue espesso do poema
Lamber as feridas da palavra
Infeccionar a mente
Estranhíssimo solitário
Na velocidade do tempo
Esfarelamento
– Diga lá caro pô..eita
O que escrevo é verso magro
no limiar de um sertão em sombras
Anoréxico
Cortei as palavras que rezam os seus nomes
Obscuro
Inesperado
Semicerrado
Versovício
Garrafada nenhuma dará poemas para este galho seco
Desertei de mim!
Toda a lindeza do mundo existe naquela bunda
dela
dizendo
escreva indomavelmente
Em seu umbigo
Faço intoxicar
Timbres
Dicções
Sotaques
Amorteça o papel
Inale palavras
Mirífico
Com a velocidade de um destempero
Dedico ao caos
o fluxo dos meus versos
Poesia
minha passagem para o infinito
*
VersoVício
Sambando na beira
Cortando o fluxo
Melancolizando
Vertigens
Palavras peregrinas
Garimpeiras
Garimpadas
Fronteiriças
Encontro da margem com o infinito
Mastiga dilatado
com mãos de neblina
Esfrega a palavra
até conseguir gastá-la
Meu verso é vício
Misturo com limão
Tomo de uma só vez
Coragem de atravessar o pântano
Molhar
Submergir
Chamá-la para dançar nua
Arre verso ventre!
Astrolábios
Alfarrábios
Mantiqueiras
Falésias
A palavra acertou-lhe o queixo!
Pulsares poemas
Labirintos frasais
Não aprisione!
Fareje formas
Lamba contornos
Viva Verso!
Viva vício!
Vulva vício!
Vocabular!
Na borda
Tear pantomina
Imerso em dicções
Com aspirinas desarrumo
Choques
Conchas
Sombras
Abutres
Réstias de nuvens
Meu verso é vício!
Reviro
Alvoroço
Palavra carne
Gozo poético!