Dois poemas de Ondaka 6.7
Ondaka 6.7. Osvaldo Boaventura Francisco, de Porto Amboim (Angola), escritor residente em Luanda, formado em Língua e Literaturas em Língua Portuguesa pela Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto. Mentor da Academia Linha da Frente, membro do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, MNIA, exerce as actividades de homem e de professor.
Venceu a 5ª Edição do Prémio Imprensa Nacional de Literatura – 2023
***
BRUNA, NOÉMIA E LUCALA – uma quase dedicatória de amor
finito é bem acaso,
Bruna,
no início, cio frio
de cores salgadas
nos nós de água aurora
de dois sopros rasos
finito é bem acaso,
Noémia
ruída flor adentro
molhada a alegria
palpa os dias tocados
num olhar queimante
finito é bem acaso
e Lucala
de ter fios de geografia
e brincamos de fantasia
de um sol filho a cada dia.
*
NO PAÍS QUE INVENTOU O MEIO PÃO
viver é uma invenção do século
do país:
pão é um alienígena de pé
de pé
e como a cabeça da açúcar:
da água
e inventa fermentadas ventres
toté-vais-te-queixar, nos preços quentes
meia água,
meia catana,
meia dentada
fruto surdo, ver gritos deformados
no depósito
dê país
salgadas esperanças
no país que inventou o meio pão,
lá mesmo
viver é uma invenção do século
do país: